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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Escola antiga


Uma professora de uma escola pública me contou que pediu para um aluno sair do corredor e entrar para a sala de aula. Ele então a mandou ir para o inferno. Estudei a vida toda nas escolas públicas de minha cidade e me lembro que todo mundo tinha um respeito imenso pelo professor. E aquele que o desrespeitasse era advertido e se reincidente, expulso. Saía do colégio com uma carta de transferência em aberto nas mãos e tinha que peregrinar à cata de outra escola. Mas a nova política educacional do país tirou o poder das escolas e agora o aluno não pode mais nem bombar.

Daí eu pergunto: se a escola e a família não educam, quem educará?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ser goiano

Ser goiano é carregar uma tristeza telúrica num coração aberto de sorrisos.  É ser dócil e falante, impetuoso e tímido. É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para sair dela. É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. É ter latifúndio e viver simplório, comer pequi, guariroba, galinhada e feijoada, e não estar nem aí para os pratos de fora.

Ser goiano é saber perder um pedaço de terras para Minas, mas não perder o direito de dizer também uai, este negócio, este trem, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.

O goiano da gema vive na cidade com um carro-de-boi cantando na memória. Acredita na panela cheia, mesmo quando a refeição se resume em abobrinha e quiabo. Lê poemas de Cora Coralina e sente-se na eterna juventude.

Ser goiano é saber cantar música caipira e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar no sertão como um ser tão próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno monjolo no coração e ouvir um berrante tocando longe, bem perto do sentimento.
Ser goiano é possuir um roçado e sentir-se um plantador de soja, tal o amor à terra que lhe acaricia os pés. É dar tapinha nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou uma rasteira.

O goiano de pé-rachado não despreza uma pamonhada e teima em dizer ei, trem bão, ao ver a felicidade passar na janela, e exclama viche, quando se assusta com a presença dela.

Ser goiano é botar os pés uma botina ringideira e dirigir tratores pelas ruas da cidade. É beber caipirinha no tira-gosto da tarde, com a cerveja na eterna saideira. É fabricar rapadura, Ter um passopreto nos olhos e um santo por devoção.

O goiano histórico sabe que o Araguaia não passa de um "corgo", tal a familiaridade com os rios. Vive em palacetes e se exila nos botecos da esquina. Chupa jabuticaba, come bolo de arroz e toma licor de jenipapo. É machista, mas deixa que a mulher tome conta da casa.

O bom goiano aceita a divisão do Estado, por entender que a alma goiana permanece eterna na saga do Tocantins.

Ser goiano é saber fundar cidades. É pisar no Universo sem tirar os pés deste chão parado. É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto, religioso e amante da liberdade.

Brasilia em terras goianas é gesto de doação, é patriotismo. Simboliza poder. Mas o goiano não sai por aí contando vantagem.

Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima.

José Mendonça Teles

Mil e onze tons de alegria


Depois de quatro dias de festa com muita ordem, respeito e alegria, o prefeito Nivaldo Melo e o secretário municipal de turismo, Sérgio Rady, só têm o que comemorar. “Mantivemos nossa proposta de oferecer uma festa voltada para a família, com o resgate dos carnavais de época e valorizando nossa cultura local. Acertamos! Nossa expectativa de público foi superada, e eu só tenho que parabenizar o secretário Sérgio, juntamente a sua equipe, pela dedicação na realização de mais esse evento em nossa cidade”, destacou Nivaldo.


Segundo o secretário Sérgio Rady, o sucesso do Carnaval Cultural se deu graças a proposta de resgatar os carnavais de época. “Existe um grande saudosismo dos foliões pelos tradicionais bailes de carnaval das décadas de 60 e 70, e em Pirenópolis nós oferecemos esse encontro do velho e do novo. Um carnaval diferenciado de todas as demais cidades do Estado, que atraí gente de todas as idades e do país inteiro em busca de tranquilidade para curtir o carnaval ao lado da família e em contato com a natureza, sem deixar a folia de lado”. “Além da proximidade com Brasília e Goiânia, o que nos assegura um público cativo de ambas as cidades, Pirenópolis é reconhecidamente um dos principais pólos gastronômicos de Goiás, o que confere ao destino mais um atrativo preponderante na hora da escolha do turista”, afirmou o secretário.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Velha gameleira (poema)

VELHA GAMELEIRA 
(homenagem à velha gameleira no fundo do Colégio do Carmo)



Voltei para ver-te velha Gameleira
Imponente estandarte que desafia o tempo
Plantada, hirta, à beira do rio
Deixando-se mover apenas pelo vento.

Voltei para ver-te saudosa Gameleira
Sentir teu cheiro, ouvir tua canção
Tocar tua pele áspera e tua folha macia
Num contraste forte e cheio de emoção.

Voltei para ouvir o eco do meu riso
Que ficou gravado nas tuas sólidas entranhas
E no silêncio das tardes preguiçosas
Ouvir minha voz e não me sentir uma estranha.

Voltei para descansar sob teu galho-abrigo
O fardo pesado da minha velhice
E lembrar saudosa os bons momentos
No eco longínquo da minha meninice.

Voltei para ver-te Gameleira amiga
E dividir contigo minhas amargas andanças
Rir com saudade dos velhos tempos
Nas águas frias de nossas lembranças.

Voltei. Voltei trazendo tudo que sou
Na bagagem pesada dos meus anos
Para descansar meu corpo e meu espírito
No abraço macio dos teus ramos.

Voltei para ouvir os que já partiram
Deixando-me num triste e solitário alento
Através dos sons de tuas ramagens
Cantando pra mim, embaladas ao vento.

Voltei para contar-te o que fiz de mim
Desabafar meu pranto na tua sombra calma
Voltar a ser criança e brincar contigo
Meu castelo forte do Rio das Almas. 

Dalka Maria Pinhheiro

Casamento à moda antiga


Casamento dos meus avós José Maurílio Fleury e Nathercia Pina de Siqueira. Eles saíram da igreja Matriz e foram, acompanhados pelo cortejo, até a casa dos pais da noiva, Silvino Odorico de Siqueira e Natália Pina de Siqueira, na rua Direita. 

Era o costume da época. 

Dalka Maria Pinheiro

A morte de Dora Jaime


Comunico aos amigos o falecimento de minha irma, Maria Auxiliadora Jaime. Foi uma morte prematura decorrente de complicações da Diabetes melitus. Recebemos a solidariedade de parentes e amigos.

Fausto Jaime

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Vem aí mais um Carnaval.

A folia do Carnaval não tarda a começar e Pirenópolis se prepara para receber um grande número de visitantes, como acontece todos os anos. E esta tradição carnavalesca já firmou em nossa terra, que consegue fazer uma folia alegre e com nenhum ocorrência mais séria.

A ideia do Carnaval de época, animado pelas marchinhas carnavalescas, já se tornou a cara de Pirenópolis, por ser uma festa responsável e que respeita o patrimônio histórico, bem cmo a segurança de moradores e visitantes.

Que venham os foliões de Momo e que somente alegria e paz sejam testemunhas por estas ruas seculares.

Adriano Curado

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Toninho capetinha


Homanegem deste site a um dos mais pitorescos personagens de nossa história: o Toninho Capetinha. Era deficiente mental e vivia pelas ruas da nossa cidade, sempre abordando as pessoas para pedir "um pau de cem". Inofensivo e divertido, foi amparado no final da vida pelo também falecido ex-prefeito Joaquim Floris Vieira (Fleury).

Adriano Curado

7ª Flipiri


7a FLIPIRI (Festa Literária de Pirenópolis) vai acontecer entre os dias 2 a 6 de junho de 2015.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Luta contra a dengue

Os agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde continuam com ações de combate à dengue nos bairros, mas é necessária a conscientização da comunidade. Dezenas de caminhões de lixo já foram removidos de quintais e lotes baldios, mas se cada morador não assumir o compromisso do descarte correto do lixo, esse trabalho perde a força. Seja um agente dentro da sua casa, cuide do seu quintal e alerte seus vizinhos. Essa luta é todos!







sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Aplam de sede nova

Da esquerda para a direita: Wilno de Pina, Luiz Antônio Godinho, Mamede Melo, Clemente Maciel, Luiz de Aquino, Nathalina Fernandes (presidente da Academia de Letras de Anápolis), secretária Márcia Áurea, presidente Adriano Curado, prefeito Nivaldo Melo, Fausto Jaime, Marieta Amaral, Sérgio Pompeu e Nathália de Siqueira.

Durante um Café com Prosa, em uma das ruas mais charmosas de Pirenópolis – Rua Direita, o prefeito Nivaldo Melo reuniu amigos e membros da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música para entrega da nova sede da instituição. Sempre preocupado em articular as várias potencialidades da cidade, Nivaldo mais uma vez reafirma seu compromisso com a cultura pirenopolina. A proposta para esse novo momento da Aplam é a interação dos acadêmicos com os alunos da Rede Municipal de Ensino, de forma a estimular a cultura local e promover a descoberta de novos talentos.

Para o presidente da Aplam, Adriano Curado, a atitude do prefeito foi louvável. “Uma sede própria confere identidade a Aplam, e esta em especial, pode-se perceber que foi preparada com muito carinho, um excelente trabalho. Deixo o nosso agradecimento em nome de todos os membros da Aplam ao prefeito Nivaldo Melo, ao secretário de cultura, João Brandão e à secretária de educação, Márcia Áurea”, destacou. Adriano pontuou ainda o “comprometimento da gestão municipal com saúde, educação, infraestrutura, sem deixar a cultura pirenopolina de lado”.

Com a presença dos acadêmicos da Aplam, o prefeito Nivaldo Melo falou da importância do trabalho realizado no município em prol da cultura local. “Nossa maior preocupação é manter viva a história em nossa cidade, que é berço da cultura goiana. Reunimos nesta tarde vários artistas que fazem parte do nosso patrimônio cultural, e precisamos continuar abrindo espaços como este, nosso Centro de Artes, o Theatro Municipal, o Cine Pireneus, para que as nossas crianças, desde bem pequenas, reconheçam a importância da cultura para uma comunidade”, afirmou.

Ao entregar a chave da nova sede da Aplam ao presidente Adriano Curado, o prefeito garantiu total apoio a manutenção do espaço. “Faremos cessão de uma servidora da Prefeitura, e assumiremos as despesas para que a Aplam tenha pleno funcionamento, a partir da próxima semana a Aplam estará de portas abertas todos os dias para comunidade”.

Com a lua cheia no céu e muita alegria na Rua Direita, a Banda Phoenix embalou mais uma noite de festa para comunidade pirenopolina.

Fonte site da Prefeitura Municipal de Pirenópolis

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Duas figuras ilustres


A artista de cinema da antiga VERA CRUZ, ELIANE LAGE, que vive em Pirenópolis desde a década de 1970, ao lado da empresária CATARINA, paulista que ao lado do esposo e filho dirigem o "Vaga Fogo- Santuário Ecológico".

Cidinha Coutinho

Aniversário do pr. Lourival Melo


Meu pai hoje completa 72 anos. Um homem que teve sua vida sempre dedicada ao trabalho, a família e a Deus. Meu maior exemplo de honestidade e retidão, que ensinou a mim e aos meus irmãos valores que nos fizeram uma família trabalhadora e temente a Deus. Sempre ao lado de minha mãe, D. Salia, papai foi uma pessoa que só soube semear o bem, e sempre peço a Deus que permita que seja ao menos 10% do que ele é, e já será o suficiente para mim. Feliz aniversário, pai! Que nosso Senhor te abençoe e te guarde! Te amo!

Nivaldo Melo

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

José J. Veiga, ano 100

Era uma manhã comum de sábado. E era abril, em 1978. Desde alguns meses antes, eu tinha montado, com o sonho e a esperança de publicar, o que sabia ser o meu primeiro livro – um livrinho de contos. E eram os anos do governo do general Geysel, o que falava em distensão gradual e lenta...

Pois era manhã, possivelmente dez horas, quando chegamos à casa de Dona Geny, no Largo do Rosário (Pirenópolis), Luiz Antônio Godinho e eu. Batemos à porta, Esdras nos atendeu e abriu a porta, tal como sempre nos abria o sorriso e o coração de boa amiga. Dissemos que queríamos visitar José Veiga e ele surgiu, silencioso e tímido. Luiz Antônio cuidou de nos apresentar.

Intimidei-me também ante a timidez do famoso contista. E falei com cuidado que a ousadia de invadir sua paz naquela manhã de sol e azul tinha a ver com o meu propósito de fazer um livro...

– Ah! Você também é escritor? – perguntou-me em tom de surpresa enquanto, num breve salto, punha-se de pé e nos deixava.

Olhei para Esdras e Luiz Antônio, nenhum de nós entendeu... E eis que volta José Veiga, trazendo nas mãos dois livros e uma caneta. A mim ofertou Cavalinhos de Platiplanto e ao Luiz Antônio, Sombra de Reis Barbudos. E abriu-se de falas, motivando-me a providenciar logo a publicação dos meus contos.

Ele era assim. Tímido em princípio, mas capaz de quebrar o gelo ao primeiro sinal de afinidade. Cheio de bons conselhos – mas não era fácil arrancar isso dele, não... E cheio de ótimas histórias vividas, que ele só contava quando se sentia à vontade com o parceiro de conversa.

Foi nesse quadro e nesse clima que contou-me, dentre outras coisas, de quando viajava de Goiás (a velha capital) para Leopoldo de Bulhões, onde pegou o trem para o Rio de Janeiro e, ao longe, erguia-se uma nuvem de poeira – o pó vermelho que, anos depois, daria nome ao romance de Eli Brasiliense (o primeiro romance ambientado em Goiânia).

– Ali vai ser a nova capital – disse-lhe o chofer do automóvel especialmente contratado para conduzi-lo à “ponta da linha”, que era a estação de Leopoldo de Bulhões, em 1935.  Sob esse mesmo humor, contava-me de um figurão nos governos de Pedro Ludovico. O funcionário, digno e cônscio, exemplar cidadão e pai de família, morador na Rua 16, no centro de Goiânia, fora dos primeiros a adquirir um automóvel, lá pelos anos 40 ou 50. Acordava cedo e começava a se arrumar, enquanto a mulher lhe preparava o café a ser tomado com os filhos que seguiriam para as escolas. E tinha sempre tempo para ir à garagem, pegar o espanador colorido que ficava dependurado sob o espelho retrovisor interno, remover toda a poeira da pintura escura do Mercury (ou Buick, ou outro modelo) e, após o café, seguir a pé para a repartição.

Veiga gostava também de lembrar os tempos de Londres, os passeios a pé, em ônibus ou trem pela cidade e pelas cercanias. E gostava de metrô, no Rio – morava bem perto de uma estação, na Glória. De seu apartamento, no último andar de um antigo edifício na Praça Paris, desfrutava de uma das mais belas paisagens do Rio, com a Marina da Glória, o Monumento aos Pracinhas, o Aeroporto Santos Dumont e, ao fundo, Niterói, além da barra da Guanabara.  Numa de minhas últimas visitas a ele, vislumbrei aquela vista e comentei, com euforia, a delícia que era morar ali. Ao seu modo brincalhão e provocador, sintetizou:

– O apartamento ao lado está vazio.

Nesta segunda-feira, dia 2 de fevereiro, José J. Veiga completa 100 anos de vida e imortalidade.

Acadêmico Luiz de Aquino