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terça-feira, 31 de maio de 2011

Ainda os Mascarados!


     O amigo José Emilio Carvalho de Oliveira, pirenopolino que há muitos anos mora no Rio de Janeiro, enviou-me o texto abaixo que, por ser longo, não pode ser postado nos comentários sobre a numeração dos Mascarados de Pirenópolis. Então segue em postagem própria, sem cortes.

     "Caro Adriano, e demais participantes,

     O poema “Boi Amarelinho”, sobre carro de bois, de Raul Torres, termina com o verso “... os óio que lá me viro, amanhã não me vê mais” e, também, “Das Qualidades de Cidadezinha do Interior”, de Marcus Cremonese, o verso "quero apenas um moto perpétuo de gemidos doces de carros-de-bois, mas daqueles de rodas maciças com dois buracos como olhos de bêbado” me inspiraram a participar deste blog.

     Muito lhe agradeço a oportunidade de acompanhar os acontecimentos culturais de Pirenópolis, já que as raras oportunidades de estar presente me impedem maior aproximação. As notícias recentes, entretanto, me sensibilizaram bastante - a morte do José Reis e o tema “mascarados”, então!

     Como velho, saudoso e aposentado mascarado, filho de João José, um dos mais carismáticos reis dos cristãos, que muito contribuiu para a perpetuação das Cavalhadas nos tempos mais difíceis, fico apreensivo com a regulação dos mascarados, pois o tiro pode sair pela culatra (os óio que lá me viro, amanhã não me vê mais). Vide o que aconteceu com os Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro – a excessiva regulamentação e exploração turística e midiática, simplesmente assassinaram os desfiles de rua e o samba-raiz, dando lugar a um desfile comercial, elitizado, enquadrado e siliconado, onde o que mais abunda nada tem a ver com a tradição cultural. Aliás, os velhos cordões e blocos estão ressurgindo com a força de uma surpreendente vontade popular, cansada do processo de alijamento, e vem tomando conta das ruas do Rio de Janeiro, para desdém e aborrecimento daqueles que se dizem preocupados e usam como escudo a bagunça e o combate à sujeira deixada pela passagem dos blocos. Até parece... Ora, se sujou, basta lavar.

     Sei que a preocupação com o problema do anonimato e dos excessos praticados por mascarados existe e não é fantasia, enumeram-se vários ao longo dos tempos. Mas, “Mascarados do Divino” sempre foi uma manifestação cultural, de festança, lazer e alegria que vem sendo perpetuada pelos jovens pirenopolinos, há 200 anos.  As suas originalidade e autenticidade não encontram concorrentes.

     Que me perdoem os corumbaenses que nada tem a ver com nossas discussões, mas “Mascarados de Corumbá” se transformar em referência, é dose. Não tenho nada contra eles, nem a favor! O meu mascarado ídolo era seu primo Luis Artur Curado (que postura, que luxo, que elegância) que todos sabiam quem era e que não fazia questão de se esconder. Agora..., mascarado com CPF, Chip, endereço, preferência sexual, código de barra? Já imaginaram se a mania pega? “Bonecos de Olinda” com outdoor de identificação? “Bumba meu Boi” com crachá pendurado no chifre?

     Meus amigos! Há maneiras de se proteger a população contra a ação de vândalos e bandidos dispostos as se travestirem de “mascarados” com intuitos menores. Há, inclusive, exemplos de mau uso de mascarado até pelos poderosos da política local. Para combater, o Poder Público existe para isto! Aprontou? Cadeia neles.

     Que não se culpe e não se pretenda, de forma preconceituosa, engessar uma das maiores, mais representativas, autênticas e espontâneas manifestações de cultura popular existentes no nosso país, quiçá, no mundo!

     E o “transitado em julgado”? Desconheço integralmente os meandros jurídicos, mas sei que existem várias instâncias. Em todas elas a Prefeitura de Pirenópolis foi sentenciada a emitir alvará aos interessados em participar no “Mascarados do Divino”? Sem direito a defesa? Não acredito! Assim como temos que cumprir as decisões da Justiça, temos o direito de discordar e tentar reverter.

     Não me tirem o direito de, durante a festa do Divino, olhar nos olhos bêbados de um mascarado, através dos dois buracos na máscara de boi, onça ou capeta e ouvir um grunhido e arrastado gemido “me dá um dinheirimmm...”

     Sabem por que isto tudo? É porque muitos jamais se fantasiaram e tentaram se aproveitar de um pretenso anonimato para dar vazão às suas fantasias de um voyeurismo às avessas, de dentro para fora, para zoar com as caras dos amigos e, também, porque nunca saborearam o prazer de galopar e esporear a anca de um “tal”, movidos ou não por alguns goles de cachaça. E também, alguns outros que já se mascararam, mas que o fizeram levados por modismos ou deslumbramentos, sem jamais entender nada daquilo, até hoje. 

     Viva os Mascarados do Divino!

     Niteroi, 31 de maio de 2011"

Pirenópolis e os mascarados numerados

Foto: Arquivo da Biblioteca Pyraí


     “Está no blog “Cidade de Pirenópolis”, mantido pelo escritor Adriano Curado (http://cidadedepirenopolis.blogspot.com/):

     “Numa decisão até o momento inédita, o Juiz de Direito da Comarca de Pirenópolis, Dr. Sebastião José da Silva, julgou procedente a ação civil pública que o representante do Ministério Público propôs contra o Município de Pirenópolis, para limitar a atuação dos Mascarados nas comemorações da Festa do Divino. Segundo a sentença judicial, o Município de Pirenópolis fica condenado a cadastrar, com descrição de roupa e máscara, todas as pessoas que quiserem se vestir de Mascarado na Festa Divino Espírito Santo e lhe dar um número de identificação”, entre outras medidas.

     Corre na Internet um abaixo-assinado, em que os signatários tentam convencer o Promotor de Justiça e o Juiz de Pirenópolis da importância da revogação do ato judiciário. Os peticionários têm boa e forte argumentação e demonstram preocupar-se com o risco de empanar o brilho da festa, que hoje é um Patrimônio Imaterial Nacional.

     Essas figuras mascaradas integram com forte marca e presença os festejos de Pentencostes, em sua parte profana, e foram introduzidos nos hábitos de Goiás há quase dois séculos, pelo vigário de Santa Cruz de Goiás, Padre Gouveia de Sá Albuquerque, com permissão do Vigário Capitular Padre José Vicente de Azevedo Noronha e Câmera. À época, alegou o Padre Gouveia o isolamento do povo neste sertão dos Goyases: “A falta de lazer e divertimento está desviando as almas para as festas profanas nos pagodes e vida mundana”

     Padre Gouveia mandou confeccionar o cetro e a coroa, em prata pura, e a bandeira do Divino Espírito Santo; e ainda mandou fazer “pãezinhos do Divino” – espécie de rosca-da-rainha besuntada com calda caramelada de açúcar, que, benzidas, eram distribuídas nas casas como cortesia do Imperador. (Fonte: santacruzdegoias.net/institucional/cavalhada_mais_antiga_do_estado_de_goiAs/).

     Adriano Curado questiona: “Essa ação civil pública foi mesmo necessária? Conseguirá o Município de Pirenópolis fiscalizar o trânsito de todos os Mascarados? É possível a aplicação da sentença já nesta Festa de 2011, ou seria necessário uma longa campanha de esclarecimento?”.

     A medida pode parecer drástica e ameaçadora, mas defendo-a em nome da segurança pública e, embora pareça paradoxal, da manutenção da festa com suas características, pois os riscos que representam os abusos – criminosos valendo-se da proteção das máscaras – podem resultar na mutilação definitiva do costume.

     A iniciativa veio de Daraína Pregnolatto, que dirige uma instituição de arte e cultura. Ela critica, ainda, a iniciativa do governo do Estado de construir um cavalhódromo, postura essa que me chega em tom estranho; os sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre outros similares (os bumbódromos de Manaus e Parintins, por exemplo) não violentaram as tradições; é que as festas, num dado momento, tornam-se espetáculos públicos e peças turísticas.

     A energia que se mobiliza contra isso devia ser usada para pleitear melhorias na pavimentação da cidade; e também na retomada das características das máscaras exclusivamente em papel machê, proibindo-se as de borracha, industrializadas. Isso, sim, é lutar por melhorias e tradição. No mais, medidas como cadastramento de mascarados e identificação perante as autoridades são, agora, indispensáveis, pois a imprensa nacional já qualifica o entorno de Brasília como uma das regiões mais violentas do mundo.

     Intervenções de governos em festas populares são inevitáveis. Em 1961, Jânio Quadros proibiu o lança-perfumes e o carnaval não se acabou. A Justiça e a polícia aplicam medidas de prevenção ou repressão a qualquer tempo e nada disso coloca em risco a sobrexistência das festas. Contestar providências de segurança é, ao meu ver, agir contra a corrente. Há cerca de trinta anos, apenas víamos a apresentação dos cavaleiros; Gutemberg Nóbrega gravou com os cavaleiros todo o enredo e pôs a fita para rodar, e Mouros e Cristãos passaram a dublar as falas. A tecnologia se aprimora a cada instante e todos sabemos de sua presença em todos os nossos momentos. Rejeitar o cavalhódromo é escolher o atraso.

     Mas, pior que isso, contestar a segurança é dar vez ao inimigo.”



Fonte: Texto escrito por Luiz de Aquino, escritor e jornalista. Publicado no Diário da Manhã do dia 31.05.2001, p. 5.

Adeus, Zé Reis! (O de Pirenópolis)

Foto: Luiz de Aquino

     "Aquela é uma das casas da Rua do Rosário que resiste ao comércio. A de número 9, morada preferencial do jornalista José Raimundo Reis da Silva, o nosso Zé Reis – Zezinho, para a família; Zezim, para o bom linguajar goianês, pirenopolês, na intimidade das ruas tortas que abrigavam serenatas nas madrugadas.

     Nos últimos 17 anos, desde quando realizamos as primeiras reuniões para a criação da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música, a casa do Zé Reis tornou-se, para mim, um ponto de encontros habituais. Mas o sentimento de admiração e amizade surgiu antes. É que, além da profissão, notamos, ambos, algumas afinidades fortes, como isso de gostar de Pirenópolis, de seu casario ligeiramente desalinhado, do perfil íngreme das encostas e o colorido dos portais e esquadrias. Tudo tendo por fundo as histórias da terra e o murmúrio do Rio das Almas.

     O quintal da casa do Zé Reis vai até o barranco da margem esquerda. As janelas da sala e de dois dos quartos escutam o som destrambelhado da Rua do Rosário. Na casa – varanda, cozinha e quintal – tomávamos cerveja e vinho, curtíamos as delícias dos churrascos e trocávamos histórias pitorescas da cidade e de qualquer outro lugar, evocando causos de famílias e de companheiros de trabalho. Ali, também discutíamos coisas atinentes ao modo de vida, fosse o de Pirenópolis, fosse o de Brasília, do Rio de Janeiro ou Caldas Novas, jamais esquecendo coisas do Piauí e das infâncias inesquecíveis.

     Quando, na segunda metade da década de 1990, a Sociedade dos Amigos de Pirenópolis, entidade idealizada por Zé Reis, cuidou da grande obra de restauro da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, era ali, na casa número 9 da Rua do Rosário, que conversávamos sobre as novidades. E foi ali que Zezim idealizou e cuidou de correr atrás dos meios para pôr em prática um projeto carinhoso e agradável – Tocando a Obra. Consistia em, no último sábado de cada mês (se não me trai a memória), apresentar-se um conjunto de boa música na nave da Igreja em reparo. Um desses, justo o de 27 de julho de 1998, José Reis ofereceu-me para, aproveitando a exatidão da data, festejarmos o centenário de meu avô, o maestro Luiz de Aquino Alves (saudoso momento em que Clóvis e Bidoro, exímios instrumentistas, e mais meu pai, Israel, ao lado de outros companheiros músicos, executaram composições do meu saudoso avô-xará). A esse evento opôs-se um maestro argentino, então residente na cidade. O “hermano” desconhecia a história e os vultos em questão; dei-lhe nenhuma atenção e, para meu prazer, nunca mais o vi; e para minha vingança, vencemos as equipes esportivas de sua pátria muitas vezes mais, nestes anos após.

     Zé Reis pouco se importava com coisas idas; do passado, ele gostava mesmo era de acumular lembranças boas. Estava, o pequeno gigante da Rua do Rosário, sempre a bolar alguma novidade, ouvir ideias e juntar propostas, apresentar seus sonhos e pôr-se a realizar novos projetos. Para ele, o importante era o agora, que, parece-me, em seu conceito consistia tão-somente em pensar coisas para o amanhã.

     Um dia, veio-lhe o câncer, ele o superou: driblou o tumor cumprindo com esportivo propósito o tratamento. Já convivia, então, com os problemas da pressão arterial. Engordou um tanto, nestes 17 anos. Aprendi a gostar dele pela amizade entre ele e Maria Eunice Pereira e Pina, e com Emílio de Carvalho. Ganhei também essa amizade e cuidei de cultivá-la. E só ganhei, porque aprendi muito com o meu colega e amigo. E dele, também, bem como de Dona Helena, a esposa, herdei a amizade fraterna com seu filho Marcelo e família, meus vizinhos há bom tempo!

     Na manhã de sábado, sua nora Marilene, comadre querida, trouxe-me a notícia triste. Há quase uma semana acompanhávamos a última batalha. O infarto, a transferência de Pirenópolis para Brasília, a internação, os procedimentos, a esperança e, em seguida, o infausto: Zezim se foi!

     Abriu-se o branco, não na memória: no coração. Memorizei a casa branca de portas e janelas azuis, suas arandelas, vitrais em guilhotina, as colunas em madeira; o quintal em dois planos, o verdor das plantas, as sombras das grandes árvores, a parreira... A voz troante e feliz do dono, o sorriso ora cúmplice, ora crítico, da dona da casa, a presença amiga de Marcelo e, eventualmente, de Maurício – mais que de Luciana e José Augusto -, dos netos.... E havia os cães, dos quais cuidei sempre de estar distante por razões óbvias.

     A casa, a de número 9, Rua do Rosário... A casa está em silêncio, agora; é ela das últimas, senão a última, a manter o aspecto exclusivo de morada, pois as outras cederam espaços ao comércio. Não consigo ver, na sala e na varanda, na cozinha e no pátio, o agito dessas últimas duas décadas. A alma da SOAP - a Sociedade dos Amigos de Pirenópolis -, mudou-se de lá, está montando sala nova, ou uma nova varanda, onde por certo conspirará boas coisas com Emílo de Carvalho.

     E nós, os que ficamos, perdemos o rumo, a prosa e muitos planos..."

Fonte: Texto escrito por Luiz de Aquino 
Publicado no blog http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/

sábado, 28 de maio de 2011

José Reis


SÉRIE BIOGRAFIAS

JOSÉ REIS



      José Raimundo Reis da Silva (22.07.1939 – 28.05.2011) era membro-fundador da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música, da Sociedade dos Amigos de Pirenópolis, e um grande defensor da cultura pirenopolina.

      Foi um nordestino que se mudou para Brasília, ali constituiu família, formou-se em jornalismo e por fim, através de concurso público, trabalhou na publicação do Diário Oficial da União.

      Certo dia, no princípio da década de 1980, manuseava Reis os classificados do Correio Brasiliense à procura de um investimento, quando deparou com uma notícia inusitada: “Vende-se casa em Pirenópolis”. Ele que nunca havia visitado nossa cidade, colocou toda a família no carro e veio parar na Rua do Rosário. Encontrou Dr. Emílio de Carvalho sentado à soleira da porta, que lhe indicou, quase em frente à sua casa, um casarão bonito, com muitas janelas azuis e um quintal imenso, que chegava às margens do Rio das Almas.




      José Reis comprou a casa e nunca mais deixou Pirenópolis. Dividia o tempo entre a Capital Federal e a Terra dos Pireneus. Muito envolvido com a área cultural, logo fez amizade com Maria Eunice Pereira Pina, ajudou-a a fundar um jornal puramente cultural, o Nova Era, que circulou na década de 1990. Depois fundou a Sociedade dos Amigos de Pirenópolis (Soap) e ajudou a fundar a Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (Aplam).

      Se Pirenópolis tem hoje uma Igreja Matriz restaurada, depois do incêndio tenebroso, deve isso a José Reis, que arregaçou as mangas e se dedicou com exclusividade ao restauro. Através da Soap, ele contactou amigos em Brasília e conseguiu trazer para Pirenópolis patrocínios milionários. E assim a Soap restaurou por duas vezes a Matriz, restaurou o Teatro, reconstruiu o Cine Pireneus, refez a Ponte do Carmo etc.

      A pedido do governador Marconi Perillo, Reis disponibilizou a Soap para receber o dinheiro que será direcionado a Pirenópolis e assim quitar as despesas da Festa do Divino deste ano. Essa missão ele deixou sem concluir.

      A última vez que nos encontramos foi na 3ª Feira Literária de Pirenópolis (Flipiri), quando o vi se desdobrar para montar o estande de exposição da Aplam. “Nossa Academia não pode ficar de fora” - contou-me. Naquela mesma semana ele me ligou para saber se eu tinha gostado da Feira, falamos algumas trivialidades, e nunca mais tive contado com ele.

      Esta semana, Reis sofreu um infarto em Pirenópolis, sozinho na casa onde morava. Levado para Brasília, não resistiu e morreu hoje, 28.5.2001. Perdi um amigo, Pirenópolis perdeu um benfeitor. Homem honesto e íntegro, por suas mãos passaram aproximadamente uns R$ 10 milhões, nas tantas obras que gerenciou em Pirenópolis, mas ninguém nunca duvidou de qualquer ato seu. Pelo contrário, a Soap recebeu um ofício de menção honrosa do Ministério da Cultura, pela excelência na prestação de contas das obras sob sua gestão.

      Agora Reis deve ter ido se encontrar com o amigo Emílio de Cavalho em outros planos da criação.

Foto: J. Freitas - ABr

___________________

Na foto de J. Freitas, dia 6.6.2003, o governador de Goiás, Marconi Perillo, repassa a José Reis, presidente da Soap, cheque de R$ 1,1 milhão, para a reconstrução da Igreja Matriz.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Numeração dos Mascarados






     Numa decisão até o momento inédita, o Juiz de Direito da Comarca de Pirenópolis, Dr. Sebastião José da Silva, julgou procedente a ação civil pública que o representante do Ministério Público propôs contra o Município de Pirenópolis, para limitar a atuação dos Mascarados nas comemorações da Festa do Divino.

     Segundo a sentença judicial, o Município de Pirenópolis fica condenado a cadastrar, com descrição de roupa e máscara, todas as pessoas que quiserem se vestir de Mascarado na Festa Divino Espírito Santo e lhe dar um número de identificação.

    Além disso, o Município deve fiscalizar para que os Mascarados transitem apenas no perímetro do Centro Histórico, com ou sem animais, das 6hs até as 19h00 horas, limites que devem ser previamente esclarecidos aos participantes no momento da inscrição.

     Os Mascarados, ainda de acordo com a sentença, devem se abster de perturbar as Cavalhadas durante as apresentações. Este trecho provavelmente é para aqueles que desafiam os organizadores e não desocupam o campo para a carreira seguinte.

     Há uma exceção, no entanto, quanto ao último dia da festa, terça-feira à noite, quando Mascarados e Cavaleiros se confraternizam na porta da Igreja do Bonfim, no encerramento da Festa do Divino, ocasião em que poderão permanecer por lá até o fim das atividades.

     A fundamentação da sentença judicial está no fato de ser grande e crescente o número de infrações penais que envolvem Mascarados, ocorridos nos últimos anos, o que mantem a população em constante estado de alerta. Afirma que “maus elementos” se aproveitam da figura folclórica para cometer crimes, escondido detrás duma máscara que lhe garante o anonimato.

     Por fim, reconhece o Magistrado a importância da figura dos Mascarados na Festa do Divino de Pirenópolis, porém ressalva que é preciso impedir que pessoas estranhas à festa se infiltrem entremeio a turistas e nativos e pratiquem delitos penais.

     Além do Município de Pirenópolis, também as Polícias Civil e Militar ajudarão no cumprimento das determinações da sentença.

     Uma decisão judicial não se discute, cumpre-se. Mas todos temos o direito de comentar o assunto, inclusive para forçar o Poder Legislativo local a legislar e votar uma lei, já atrasada por sinal, que regulamente definitivamente a Festa do Divino.

 Desta forma, o blog Cidade de Pirenópolis quer saber a sua opinião sobre o assunto.

    • Essa ação civil pública foi mesmo necessária?
    • Conseguirá o Município de Pirenópolis fiscalizar o trânsito de todos os Mascarados?
    • É possível a aplicação da sentença já nesta Festa de 2011, ou seria necessário uma longa campanha de esclarecimento?

     Comente, participe!






Grupo Merkén



A Secretaria Municipal de Cultura de Pirenópolis e a COEPI convidam a todos para
 a apresentação internacional do grupo
Merkén, com o show "Amor e Sonho",
 vindo diretamente do Chile.
Os shows ocorrerão no dia 29/05 (domingo), às 17h e no dia 30, às 19h, ambos no Teatro de Pirenópolis.
 
Entrada Franca, aproveite esta oportunidade! Participe!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Festa do Divino dos pirenopolinos

Imagem extraída do folheto da festa 2011


     Durante quatro finais de semana consecutivos, grande quantidade de turistas visitam Pirenópolis para conhecer um pouco mais sobre as manifestações folclóricas da Festa do Divino. Mas é no último final de semana que os festejos se intensificam, com o início das Cavalhadas, que se estendem por três dias (domingo, segunda-feira e terça-feira).

     Entretanto, na segunda e terça-feiras, a festa é mais para os pirenopolinos, a cidade se esvazia e o Campo das Cavalhadas já não é tão disputado. Afinal, nesses dois dias é feriado municipal, mas os turistas retornam aos seus compromissos em suas cidades de origem.

Fonte: texto baseado em publicação da Secretaria Municipal de Cultura de Pirenópolis.

O sagrado e o profano; a realeza e o popular; a diversidade e a singularidade.

Imagem extraída do folheto da programação da festa 2011


     Eleita pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial, em 15 de abril de 2010. Acontece de 27 de maio a 14 de junho, com realização da Prefeitura Municipal de Pirenópolis e Paróquia Nossa Senhora do Rosário, e patrocínios do Governo do Estado de Goiás, Banco Itaú e do Iphan, no Centro Histórico e povoados, a 192ª Festa do Divino de Pirenópolis.

     A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, considerada uma das mais expressivas celebrações do Espírito Santo no país, pelo grande número de rituais, personagens e componentes, como as Cavalhadas de mouros e cristãos e os Mascarados montados a cavalo, vem sendo realizada anualmente desde 1819. Os rituais têm início na Páscoa e seguem até o domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi, o clímax da Festa se dá no Domingo de Pentecostes ou do Divino, cinquenta dias após a Páscoa, com as Cavalhadas.

     Enraizada no cotidiano dos pirenopolinos, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis é a mais rica expressão da religiosidade popular da cidade, determinando padrões de sociabilidade, consolidando-se como elemento fundamental de sua identidade cultural, onde os moradores se dedicam e se preparam ao longo de um ano inteiro para festejar e participar desta celebração histórica, considerada seu maior bem cultural.

    As festas de santos, de devoção religiosa cristã e como expressão da cultura popular, foram trazidas por jesuítas e colonos açorianos e se popularizaram por todo o país. Aqui, se fundiram aos cultos de matriz africana, às crenças religiosas indígenas e encontraram a celebração judaica de Pentecostes ou Domingo do Divino.

     Desde sua origem em Portugal, a figura mais importante da Festa do Divino é a do Imperador, escolhido a cada ano por sorteio entre os homens ou meninos da sociedade, atualmente independe de classe social. O Imperador, a quem cabe toda a responsabilidade de promover e cuidar para que tudo se realize com ordem, incentivando, angariando fundos e mobilizando a população nos afazeres da festa, tem como principais atributos a generosidade, a hospitalidade e a distinção.

     Vários ritos em uma mesma festa, com destaque para três grandes fases: As Folias, O Império e As Cavalhadas. As diferentes manifestações mesclam festejos religiosos e profanos, como Folias na roça e na cidade, Alvoradas com as bandas de Couro e de música Phoenix, grupo de Congado, Repique de Sinos e descarga de Roqueiras, Missas, apresentação de grupos de Tradições Regionais, Procissões, Novenas, cortejos do Imperador, Reinados e Juizados, a peça teatral “As Pastorinhas” e as tradicionais Cavalhadas.

     O costume de se homenagear o Divino Espírito Santo vem do tempo do Brasil Colônia, sendo encontrado em várias cidades por todo o país, principalmente naquelas onde a mineração, somada a mão de obra de índios e de escravos. Em Goiás, as festas foram se difundindo a medida que a Igreja ia ocupando espaço nos arraiais emergentes em função das descobertas auríferas, a partir do século XVIII.

     O símbolo da festa é uma mandala de fogo com uma pomba branca ao centro. A pomba significa o Divino Espírito Santo e a mandala de fogo o momento em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Pentecostes. As cores da festa, branco e vermelho, significam paz e o sangue de Jesus.

     A Festa do Divino chega ao seu final com as Cavalhadas, que têm início na manhã do domingo de Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa, e vão até terça-feira à noite. Num autêntico quadro vivo, as Cavalhadas evocam batalhas medievais entre mouros e cristãos em uma complexa encenação equestre em honra do Imperador e do Espírito Santo: De um lado, vestindo azul, o rei cristão: Carlos Magno e os doze pares da França; do outro, o rei mouro, o Sultão da Mauritânia, com seu "exército de infiéis" trajando vermelho. As Cavalhadas chegam ao seu final quando cristãos e mouros, já batizados, rezam ao Divino e descarregam suas armas, encerrando o Império.

     Anunciando a abertura das Cavalhadas pelas ruas da cidade, no sábado, bem como durante, no intervalo das encenações, os Mascarados, ou Curucucus, dão um ar brincalhão à festa, fazendo algazarras com suas roupas extravagantes e máscaras enfeitadas, tanto a cavalo, também enfeitados, como a pé, numa manifestação de alegria e uma maneira de espantar os maus espíritos. Os Mascarados estão presentes em todas as cavalhadas realizadas no Brasil; quanto à origem: acredita-se ser africana, porém, a máscara de boi é típica de Pirenópolis.

Encontro Nacional de Ultraleves



     Acontecerá no céu azul de Pirenópolis o Encontro Nacional de Ultraleves, promovido pela Associação Brasileira de Ultraleves (ABULP), ente os dias 23 e 26 de junho de 2011.

     A programação é variada e um pouco técnica, mas o povo poderá conferir gratuitamente a beleza multicolorida das pequenas aeronaves, em contraste com o céu limpíssima das secas goianas.

     Confira a programação no site oficial do evento.

by Adriano César Curado

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Enquanto ouvia Elisa


     “Sim, é dela mesmo que falo – Elisa Lucinda, poetisa e linda, muitas rimas entre os verdes olhos que encantam o mundo os amores retidos que me enriquecem o peito, a mente e a esperança. Elisa Lucinda fez um xou de simpatia, doçura e poesia, regado a talento e carisma na noite de Pirenópolis na III Festa Literária. Contou de vida, ridicularizou preconceitos, elevou a poesia e o sentimento de arte, exaltou os professores – mas puxou as orelhas dos incautos de qualquer natureza. E quase endeusou a infância, essa fase eternal nas vidas que se reciclam a cada ano no posto, símbolo maior da continuidade da espécie e, principalmente, da capacidade de entender e aprender.

     E Gilberto Mendonça Teles... Para mim, esses dois nomes foram os marcos dessa festa. Não os maiores, apenas os mais importantes por suas projeções no ensino e estudo das letras (ele) e na divulgação da literatura como arte (ela); no mais somos todos do mesmo patamar, uns mais conhecidos, outros menos, mas empenhados no mesmo propósito, buscando fazer ou estudar o mesmo – a “religião” poesia, irmã gêmea da prosa boa, de raiz e lírica.

     Falamos de Cora, José J. Veiga, de Bernardo Élis e Guimarães Rosa, de Jorge Amado e Drummond, de Quintana e Yeda Schmaltz, falamos de nós e dos nossos poemas. Éramos prosa e verso, muito. De Goiás e de Brasília, mas de nascenças em terras e cultura que fazem diferenças. Minas é forte, e havia o sul e o nordeste, o Pantanal e este Planalto – a me lembrar que Walter Mustafé e Luiz Augusto assinam uma música chamada Pantanalto, marco do cancioneiro goiano(http://www.youtube.com/watch?v=JBC9Gmmckbg).

     Nicolas Behr sempre é surpresa, desde os últimos trinta anos em que o conheço; Renata Normanha canta Cânticos, Cristiane Sobral descreve o Pixaim Elétrico e determina: “Não vou mais lavar os pratos”. João Bosco Bezerra Bonfim cordeliza Aninha, a menina feia da casa velha da ponte; Marina Pina conta de José J. Veiga. Marilda, Dinéia e Iris sacodem seus corpos por todos os espaços, não deixam a peteca cair – mas estimulam o revoar das pipas, fazendo voar versos pelos céus da velha Meia-Ponte do Rosário, Pirenópolis.

     Estavam lá também os autores de infantis, como Alessandra Roscoe, Alexandre Lobão, Clara Rosa Gomes, Elba Gomes, Léo Cunha, Maria Célia Madureira, Rosangela Rocha, Tatiana Oliveira... Ah, muita gente! Sei que omiti um montão, e dizem que isso é injusto ou mal-educado, mas fazer o quê? No meu computador tenho a lista completa. Se alguém quiser mais informação, email-me (ih! Que verbo horroroso!).

     Marieta Souza marcou presença com suas histórias de vida. Adriano Curado e Thaís Valle alegraram-me o coração. Matei saudade de Paulo José, repórter e poeta, companheiro de seminário em Cuiabá nos idos de 1992...

     Enquanto ouvia Elisa, poetizei. Impossível não dar vazão ao texto poético num momento como aquele! Mas esses versos, leitores queridos, ficarão para outra hora, talvez para outro espaço, páginas de um novo livro, talvez. Este ano de 2011 foi o da festa que se consolidou. Ano que vem, espero que os recursos financeiros cheguem num total capaz de fazermos melhor (incluo-me com humildade, quero ajudar e participar!). Agora, temos Valéria e Marconi Perillo interessados nesse esforço, e agora sei que poderei oferecer a Iris Borges e sua “troupe” informações capazes de propiciar o que tanto almejamos – o estreitamento de contatos dos escribas de Goiás e Brasília.

     A mim, isso é razão de alegria e bem-estar. Tenho muito a aprender com eles.”

Texto de autoria de Luiz de Aquino

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um artista no sertão


     “Nascido Antônio da Costa Teixeira Nascimento, longe do litoral, em meio a serras e cerrado, é homem de muitos talentos, difícil mesmo de qualificar. Ganhou logo o apelido por ser irmão mais novo do padre Francisco Inácio da Luz, responsável por sua educação. Filho de músico, viu as luzes do mundo em 1827, em Pirenópolis, nas franjas do Planalto Central de Goiás, de onde nunca sairia. Atuou com desenvoltura em diversas áreas, sempre com formação informal: pintor, escultor, compositor, instrumentista na maior parte do tempo. Sua casa, ainda hoje existente em Pirenópolis, mostra várias pinturas por toda parte, nas paredes, no forro, janelas e portas. À luz de documentos recentemente descobertos, Tonico parece ter usado sua própria casa para ensaiar as pinturas que realizaria mais tarde na capela-mor da Igreja da Matriz, Nossa Senhora do Rosário. Primeiro no papel, depois nas paredes de casa, e só então no altar da igreja.

     Como marceneiro, produziu ainda móveis e oratórios e trabalhou na reforma da Igreja N. S. do Bonfim em 1887. O ganha-pão, garantiu-o como escrivão de órfãos (1872–1878) e oficial do fórum local (1882–1894). E, como músico, Tonico do Padre foi igualmente versátil. E é aqui que havemos de nos concentrar.

     Seus atributos como instrumentista (flauta e saxofone tenor), regente, compositor, arranjador musical e orquestrador são lembrados por diversos contemporâneos. Em 1867, começa a atuar na Irmandade do Santíssimo Sacramento, que no ano seguinte o nomearia responsável pela música instrumental dos eventos promovidos por ela. Um dado interessante é que a irmandade pagava pela produção musical de Tonico do Padre, uma raridade para a época. Em 1868 cria, ao lado do irmão, a Banda Euterpe e passa a ser diretor musical da Igreja da Matriz. Nela atua até o ano de 1897. Em 1872, amplia a atuação na irmandade. Além de responsável pela parte instrumental, passa a dirigir a parte vocal e ganha o título de Diretor Musical e Mestre de Capela.

     O temperamento de Tonico do Padre era difícil. Ofendeu verbalmente vários músicos da cidade e compunha mesmo músicas com o intuito de ultrajar algum desafeto. Certamente por isso, em 1898 seria atacado na porta da própria casa, a pauladas. O ataque teve sequelas graves, deixando-o preso a uma cama até falecer em 15 de fevereiro de 1903.

     A produção musical de Tonico do Padre é numerosa e diversificada. Escreveu obras sacras e profanas, vocais e instrumentais, para conjuntos maiores, formações menores e até para instrumento solo. Escreveu grande quantidade de missas, hinos, quadrilhas de dança, polcas, valsas, marchas. Musicou um drama, em 1891, Inconfidência Mineira ou Tiradentes. Utilizou formas musicais variadas e seu estilo é, para muitos, único e inconfundível. Pelo menos uma de suas composições, o Concerto dos sapos, é uma pequena obra-prima, quanto mais vista à luz do isolamento pirenopolino. A peça para banda de metais é uma antecipação da música incidental nascida no sertão de imagens monótonas; é uma retomada do espírito do poema sem palavras, das metáforas musicais apenas sugeridas.

(...)

     Mas certamente há ainda um segundo motivo para o esquecimento de Tonico do Padre. A história oficial não se sente à vontade para registrar vultos ou obras do interior do País. O País oficial é apenas um recorte do País geográfico. São mínimas, praticamente inexistentes, referências a compositores do Norte ou do Centro-Oeste. Tonico do Padre foi um músico do sertão e para quem olha de fora, não passa de um curiosum, um compositor-instrumentista caricato a macaquear a cultura dos grandes centros. Mas no sertão, talvez justamente aí resida seu maior mérito: produziu em condições adversas. Mais: produziu obras tecnicamente bem-acabadas, engenhosas e inventivas em condições adversas. Ou mudando o foco: promoveu o intercâmbio de ideias, num tempo de formação musical incipiente, em que o contato com obras de compositores de outras regiões era complicado. A genialidade de Tonico do Padre fica ainda maior por ter transcendido todos estes imperativos. Nosso compositor encontra-se no ponto exato do choque entre a cultura alienígena e o desejo de sua apropriação.

(...)

     O Brasil fez suas escolhas e o sertão não faz parte de sua história oficial. Ao querer fazer o País menor que suas fronteiras, menor que seu espaço, perdemos todos. Dar a conhecer ao País a história de personagens esquecidos é dever da academia que, recém-chegada, aos poucos se aclimata no sertão. Dar ao País a dimensão que ele tem significa coroá-lo com a diversidade qualitativa da brasilidade e sua arte. Significa, enfim, valorizar a multiculturalidade e a regionalidade do país-continente. Mesmo enfurnadas no sertão do nosso Tonico do Padre, são essas qualidades que conferem a nós, brasileiros, o complexo atestado da identidade.”


Escrito por Thaís Lobosque Aquino Ludovico e Wolney Unes

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Música e literatura movimentam fim de semana em Pirenópolis

     "O interior de Goiás, na última semana, foi palco da prova mais latente de que a Cultura ainda resiste à Era da instantaneidade e das tecnologias na qual vivemos. Pirenópolis, com pouco mais de 19 mil habitantes, recebeu, entre os dias 11 e 14 de maio (quarta a sábado), a 3ª edição da Flipiri.
 

      A Feira Literária reuniu escritores e leitores de várias partes do Brasil, com destaque para Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal. Aproximadamente 46 autores participaram da exposição, que contou com nomes de referência da literatura.

      Dedicada à poetisa Cora Coralina, natural da Cidade de Goiás, a edição desse ano incluiu recitais, palestras e workshops. Uma das principais atrações da feira foi a atriz Elisa Lucinda, que abriu o evento no palco da Praça Central.

      Também na cidade, de quarta a sexta (11 a 13), atendendo a outra vertente cultural, foram realizados, em conjunto, o 1º Encontro de Musicologia da UFG e o 3º Encontro de Musicologia Histórica da UFRJ. Além de reunir os principais pesquisadores da área, o duplo acontecimento levou ao público apresentações teatrais, mesas redondas e, claro, música da mais alta qualidade.

     O resultado desse banho cultural foi a oportunidade de novos conhecimentos e intensa aprendizagem para quem soube aproveitar. No entanto, sob uma visão mais ampla, a grande beneficiada foi a própria Pirenópolis. Eventos do nível que ocorreram na cidade trazem sempre um tipo diferenciado de visitantes. Além de contribuir para o intercâmbio de informações, turistas como os que passaram pela “terrinha” nos últimos dias representam uma forma inteligente de investimento e retorno financeiro ao município."

Texto de Thamyris Fernandes

Fonte: Agita Piri

terça-feira, 17 de maio de 2011

A Festa do Divino vem aí!

Rei Mouro José Abadia de Pina, em 1967
     A Festa do Divino de Pirenópolis tem seu ponto máximo no Domingo do Divino, que sempre acontece 50 dias após a Páscoa, na chamada Festa de Pentecostes. A importância dessa festa está na mobilização da cidade como um todo. A população participa, tal qual seus antepassados no século 19.

      Não se trata de festejo da elite, mas de uma manifestação que envolve o povo e para ele se volta. Muita gente põe a mão na massa - as confeiteiras que cuidam das verônicas e alfenis; os artesãos que confeccionam máscaras feitas de papelão e grude; as costureiras que bordam as roupas dos cavaleiros e os enfeites dos cavalos.

      Foi essa cumplicidade entre o festeiro e o povo que culminou no registro da Festa do Divino de Pirenópolis no Livro das Celebrações, através do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 15.04.2010.

by Adriano César Curado


Festa do Divino 2011 (prévia da programação)


Prévia da Programação:
 (Ainda sujeita a alterações)

Dia 20/05/2011 – Sexta-feira: saída da Folia do Padre
Dia 28/05/2011 – Sábado: saída da Folia Rural e Folia Urbana
Dia 29/05/2011 – Domingo: chegada da Folia do Padre

Dia 03/06/2011 – Sexta-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
05h00 – Alvorada com a Banda de Música Fênix.
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – Início da Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Dia 04/06/2011 – Sábado:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – 2º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Dia 05/06/2011 – Domingo:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
16h00 – Chegada das Folias da Cidade e Zona Rural, que desfilam pelas ruas da cidade e se encontram na casa do Imperador.
19h00 – 3º dia de Novena, seguida de procissão até a Igreja do Bonfim, ao som da Banda de Couro, levando as bandeiras de S. Benedito e de N. S. do Rosário para levantamento de mastro e queima de fogueira.

Dia 06/06/2011 – Segunda-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – 4º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Dia 07/06/2011 – Terça-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – 5º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Dia 08/06/2011 – Quarta-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – 6º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Mascarado tradicional, em 1996

 Dia 09/06/2011 – Quinta-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
17h00 – Entrega das lanças pelos cavaleiros das Cavalhadas ao Imperador.
19h00 – 7º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.

Dia 10/06/2011 – Sexta-feira:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
12h00 – Repique de sinos e descarga de roqueiras
19h00 – 8º dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
21h00 - Show com o Pe. Fábio de Melo (Campo das Cavalhadas)

Dia 11/06/2011- Sábado do Divino:
04h00 – Alvorada com a Banda de Couro
05h00 – Alvorada com a Banda de Música Fênix
12h00 – Tocada da Banda de Música da lateral na Matriz, com repique de sinos, fogos e descarga de roqueiras. Saída dos Mascarados pelas ruas da cidade.
19h00 - Último dia de Novena. Na porta da Matriz, levantamento de mastro e queima da fogueira, ao som da Banda de Música Fênix. Na Beira Rio, na sequência, show pirotécnico com a presença do Imperador e da Banda de Música.

Saída dos Mascarados no Sábado do Divino, em 2010

Dia 12/06/2011 - Domingo do Divino:
08h00 - Cortejo Imperial, que sai da casa do Imperador na Rua Direita, nº 52, Centro Histórico, e vai para a Matriz, acompanhado de procissão de virgens, ao som da Banda Fênix.
09h00 – Missa solene, cantada em latim pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário.
10h30 - Sorteio do novo Imperador, na sacristia da Matriz.
11h00 – Cortejo que leva o Imperador de volta à sua residência, para distribuição de verônicas e pãezinhos-do-divino.
Às 13h00 – Abertura das Cavalhadas.
Às 18h00 – Cortejo que busca o Imperador em sua casa e o leva à Matriz, onde acontece a coroação do novo festeiro.

Dia 13/06/2011Segunda-feira.
08h00 – Reinado de Nossa Senhora do Rosário: cortejo sai da casa do Rei e da Rainha, acompanhado da Banda de Couro e do Congo, até a Igreja do Bonfim, onde tem início uma missa cantado pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário.
10h00 – O cortejo conduz os festeiros de volta às suas residências.
13h00 – 2º dia das Cavalhadas.

Dia 14/06/2011Terça-feira.
08h00 – Juizado de São Benedito: cortejo sai da casa dos Juízes, acompanhado da Banda de Couro e do Congo, até a Igreja do Bonfim, onde tem início uma missa cantada pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário.
10h00 – O cortejo conduz os festeiros de volta às suas residências.
13h00 – 3º dia das Cavalhadas.

O Imperador recém-sorteado acompanha seu antecessor, em 2010

by Adriano César Curado