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quarta-feira, 29 de abril de 2020

A regulamentação da profissão de historiador

Foto Jornal Opção

A presidência da República, ao acatar o parecer da Advocacia-Geral da União, vetou na íntegra o Projeto de Lei nº 4.699/2012, que regulamenta a profissão de historiador e estabelece os requisitos para seu exercício.

Conforme está no projeto, a atividade de historiador somente poderá ser exercida por quem tem diploma de curso superior, mestrado ou doutorado em História, ou com linha de pesquisa dedicada à História. E deixou uma brecha para os diplomados em outras áreas que comprovem o exercício da profissão de historiador por mais de cinco anos.

Na fundamentação do veto, o projeto é ofensivo ao direito fundamental previsto na Constituição, uma vez que restringe o livre exercício profissional, além de ofender a previsão constitucional da livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação.

Foi feliz a presidência ao decidir pelo veto, e acertou na fundamentação jurídica de sua imposição. A liberdade de expressão está no artigo 5º, incisos IV e IX da Constituição Federal. O primeiro tem amplitude maior ao focar na generalidade da livre manifestação do pensamento. Já o inciso IX trata da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Esses dispositivos legais são importantíssimos, pois buscam assegurar uma existência digna, livre e igualitária a todos os habitantes do Brasil.

O mencionado inciso IX do artigo 5º diz: “IX – É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”. Com base nesse enunciado, descobrimos que todos possuem o direito de externar suas ideias e opiniões das mais diversas formas. E tudo isso independentemente de essa manifestação se submeter a um controle prévio, quer por censura, quer por licença.

E é justamente esse artigo da Constituição Federal que seria frontalmente atingido, caso o projeto se tornasse lei. Eu dou o exemplo de uma pessoa de poucos estudos, mas que tem inclinação intelectual e resolve contar a história do distrito onde sempre morou. E na base do papel e caneta registra todos os acontecimentos de que se lembra ou ouviu dizer sobre sua comunidade. Depois faz uma vaquinha e banca a obra, que é publicada, para alegria dos estudantes que aguardavam conhecer mais sobre sua região.

No dia do lançamento do livro, o autor é surpreendido pelo conselho de classe dos historiadores, que confisca todo o material e ainda o leva a uma delegacia de polícia por haver infringido o artigo 47 do Decreto Lei nº 3.688/1941, que diz: “Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.”

O exemplo acima pode ser endossado com vários exemplos que conhecemos de pessoas que, alcançada uma certa fase da vida, resolveram escrever suas memórias. Todas elas ficariam impedidas de publicar seus livros, pois não seriam inscritas no tal conselho de classe. Poderiam argumentar os defensores do projeto, numa suposição hipotética, que basta não assinar como “historiador”, para não incorrer na contravenção. E eu respondo com uma indagação: vamos pagar para ver? Basta essa lei entrar em vigor e jurisprudências para todo gosto e sabor surgirão. 


Recentemente fui ao lançamento de um excelente livro intitulado: “Naqueles Tempos – Histórias e Causos de Pirenópolis”. A autora é Marieta de Sousa Amaral, uma mulher que tem a sabedoria da vida, embora com pouco estudo. Sua obra é excelente, pois narra com simplicidade a história da cidade de Pirenópolis/GO, onde viveu seus oitenta anos de existência. No livro, Marieta se autointitula historiadora, pois de fato o é. Mas se o projeto de lei fosse sancionado, ela poderia ter problemas legais. Um absurdo!

É oportuno lembrar, igualmente, dos professores. Não é pouco o número de formados em outras áreas das Ciências Humanas que dão aula nas faculdades de História. Na aplicação desse projeto, todos aqueles que não entram em seus requisitos ficarão de fora dessa docência acadêmica. Outro absurdo.

O veto foi publicado do Diário Oficial da União do dia 27/04/2020 e seguirá para análise em sessão conjunta do Congresso, ainda sem data marcada.

Adriano Curado

terça-feira, 14 de abril de 2020

Cidade de Pirenópolis na quarentena



A cidade de Pirenópolis, barulhenta e movimentada desde os tempos do ouro, agora está silenciosa e isolada. É como se, num sonho irreal, a quietude que nunca nos pertenceu tomasse conta de tudo. É como se nossa alma houvesse congelado e agora aguardasse o instante de voltar à vida no corpo. Temos que sair das ruas, temos que nos abster da convivência com os que mais amamos, temos que ser pacientes... Sabemos de tudo isso, mas também queremos nossa vida de volta, nossas finanças em dia e, acima de tudo, queremos voltar a caminhar por estas ruas da história da nossa xistência

Adriano Curado













Fotografias de Nivaldo Trindade postadas no Facebook

domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa

A Ressurreição de Cristo - Rafael
A Páscoa é comemorada no chamado Domingo da Ressurreição e é uma festividade religiosa que celebra a ressurreição de Jesus. Segundo a Bíblia, isso se deu no terceiro dia após sua crucificação no calvário. É uma celebração do ano litúrgico cristão e pode ser considerada a mais antiga e importante festa cristã. Sua data determina todas as demais datas das festas móveis cristãs, salvo as relacionadas ao Advento. O domingo de Páscoa é o máximo da Paixão de Cristo e vem logo após a Quaresma, um período de quarenta dias de jejum, orações e penitências.

sábado, 11 de abril de 2020

Sábado da Aleluia

O Sábado de Aleluia é o dia seguinte à Sexta-feira Santa e anterior à Páscoa. No calendário católico é o último dia da Semana Santa, ocasião em que os cristãos se preparam para celebrar a Páscoa. Nesta data é lembrado o dia que o corpo de Jesus ficou no túmulo.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Considerações de Zé de Ico


Clóvis e Zé de Ico
Segundo meu pai (Zé de Ico), de ontem para hoje seria uma noite que, na beira da igreja Matriz, acendia-se uma fogueira para manter o turíbulo acesso. E nessa noite algumas pessoas da cidade como Félix Jayme, Luiz Augusto Curado, Gastão e dona Sá Moça, entre outros outros, doavam biscoitos e café para os Irmãos do Santíssimo. Ali ficava, então, os meninos a noite toda a espera dessas quitandas que era zelada por Feliciano Preto, que guardava a quitanda na sacristia. E nessa reunião existia Pedro Santa Rita, que era um negro cantor de coral, que cantava na escala de tenor baixo. Segundo meu pai, não existiu um grave desse mais na cidade. E dia de sexta a procissão ia para a rua com a sua bandeira chamada "guião" que era conduzida por Benevenuti, pai de Otília de Ana de Gil. Meu pai recordando os tempos de criança dele, hÁ uns 80 anos atrás.

Gilson Gonzaga

A Sexta-feira Santa

Quadro "Procissão N. S. Morto", de Pérsio Forzani, 2004

A Sexta-feira da Paixão (ou Sexta-feira Santa) é uma data religiosa católica que relembra a crucificação de Jesus Cristo e sua morte no calvário. A data é sempre na sexta-feira que antecede o Domingo de Páscoa e é feriado nacional. Esse é o primeiro dia do Tríduo Pascal no calendário do catolicismo, que se inicia na noite da celebração da Missa da Ceia do Senhor.

Em Pirenópolis, as celebrações da Sexta-feira Santa ocorrem desde os primórdios do século XVIII, quando aqui se fixou um movimentado e rico garimpo de ouro. Por esse tempo, certamente, já havia as cerimônias da Semana Santa, pois no nascente povoado se fazia presente a força da religião católica.

É na Sexta-feira da Paixão que ocorre a emocionante, bela e triste Procissão do Senhor Morto. Um crucifixo imenso abre caminho pelas velhas ruas de Meia Ponte, como há séculos se faz, enquanto que a cada lado na beirada das calçadas segue a infinita fila de membros da Irmandade do Santíssimo Sacramento, opas vermelhas, velas em longos castiçais, e atrás seguem os fiéis em silêncio respeitoso.

Em outros tempos, sempre foi tradição a escolha dos chefes de família para carregar o andor principal, num reconhecimento social aos patriarcas, pois ali está estendida a imagem do Crucificado em tamanho natural, entremeio flores multicoloridas e ramos, que causa comoção por onde passa. Quatro homens carregam esse andor no ombro em passos lentos e vez por outra param para que Santa Verônica cante seu hino de lamento.

O som da matraca ecoa pelas ruas Direita e Nova, além do largo, para retirar lá de dentro dos casarões aquele suspiro lamentoso de recordação dos que já não estão mais entre nós. Depois o sacerdote puxa com voz sentida e cadenciada mais um mistério do rosário que há pouco começou a rezar e o povo responde com voz uníssona. Mais atrás, N. S. das Dores vem com seu semblante de extrema dor, toda vestida de roxo, o coração entremeio às mãos, e seu andor é carregado, também no ombro, por quatro mulheres.

Então um silêncio desce sobre o cortejo e a banda de música principia a interpretar velhas marchas fúnebres, e a partir daí, quem se mantinha firme e duro não consegue mais segurar as lágrimas e a emoção toma conta de tudo. Não há também como não se comover com as belíssimas vozes do Coral N. S. do Rosário, seus membros orientados nas partituras pelo brilho cambaleante das chamas das velas.

E lá se vai o Senhor Morto pelas ruas tortuosas da história…

Adriano Curado
 



Foto: Site da Irmandade do Santíssimo




quinta-feira, 9 de abril de 2020

Reflexão

Hoje a Igreja está fechada, mas os corações estão abertos à reflexão e ao encontro de nós com o nosso eu. Em Pirenópolis/Goiás seriam tempos de meditarmos o encontro de Maria e seu filho amado e as dores sentidas ao vê-lo tão só, humilhado e fragilizado. Aquele que só veio ao mundo para ensinar aos homens o dom de amar e se entregar a esse amor de maneira tão sublime que nos levaria ao céu. Hoje quantas Marias encontram seus filhos pelo mundo sofrendo pelos mesmos sufrágios pelos quais Jesus passou há mais de dois mil anos. Não podemos ir às ruas para refletir sobre estas dores, mas em casa, na nossa Igreja individual, Jesus nos convoca a refletir quem somos e o que seremos a partir de hoje. Jesus apascenta suas ovelhas!

Foto e texto de Hondinelly Santana de Melo

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Nossas calçadas destruídas


Em plena pandemia do coronavírus, quando as pessoas são forçadas a ficar em casa, é que a SANEAGO achou de quebrar as calçadas de Pirenópolis. E como quem tampa a buraqueira é a prefeitura, está o caos na rua do Bonfim. E deve ser observado também que a disposição das pedras do calçamento têm que ser mantida. Como o conjunto arquitetônico do nosso centro histórico é tombado e essas calçadas são mais antigas que o calçamento das ruas, antes de demolir deveriam fotografar para colocar tudo no lugar outra vez. Mas como aqui ninguém fiscaliza nada e tudo segui na maior confusão possível, creio que se tamparem os buracos já estará de bom tamanho. E a todas essas eu só me pergunto: onde está o Ministério Publico em Pirenópolis?

Adriano Curado

segunda-feira, 6 de abril de 2020

As celebrações do Domingo de Ramos


No Domingo de Ramos, devido a pandemia do COVID-19, não foi realizada externamente a Procissão de Ramos. A celebração não contou com a participação dos fiéis, sendo a Santa Missa celebrada na Igreja Matriz e transmitida pelas redes sociais. Impedidos de irem à Igreja, a Igreja foi em encontro dos fiéis. Para isso, ontem, sábado de Passos, de manhãzinha, os Irmãos como de costume foram à Fazenda Gouveia, que louvavelmente e generosamente cede os Ramos para que a Irmandade distribua e assim, após a Santa Missa, juntamente com os clérigos foram entregues de casa em casa, em todo território paroquial urbano os Ramos, sendo também aspergida pelo Padre, cada casa e rua de nossa cidade.

Texto de Marcos Vinívius
Fotos Nikolli Pereira







domingo, 5 de abril de 2020

Domingo de Ramos




O Domingo de Ramos é uma celebração cristã que ocorre uma semana antes da Páscoa e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, conforme consta nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19). Em Pirenópolis há uma bela procissão que sai da igreja do Bonfim e segue até a Matriz, com distribuição de folhas de palmeiras para os fiéis.

Este ano, infelizmente, não teremos tal celebração, mas isso não nos impede de mentalmente fazê-la acontecer em nossos corações.

sábado, 4 de abril de 2020

A dores de Maria



Dentre as celebrações da Quaresma em Pirenópolis é realizada a Semana das Dores e nela a Procissão das Dores. Devido a pandemia do COVID-19, em 2020 as celebrações não contou com a participação dos fiéis, coro e orquestra contaram com 07 cantores e instrumentistas, não foi realizado a procissão pelas ruas do centro histórico, e assim, os motetos foram cantados dentro da Igreja Matriz.

Texto e fotos de ‎Marcos Vinicius‎ 









Sábado de Passos


Hoje os cristãos relembram as dores sofridas por Maria ao ver seu filho ultrajado e humilhado pelos pecados dos homens. Em Pirenópolis-Goiás este momento é relembrado todos os anos através de uma linda procissão pelas suas ruas históricas, mas os acontecimentos ocorridos nos ceifaram de irmos as ruas presenciar este momento, no entanto juntos em oração roguemos a Maria para que interceda por todos nós, alivie nossas angústias nestes momentos difíceis de incerteza pelo qual estamos vivenciando. Senhor apascenta suas ovelhas!!!

Texto e fotos de Hondinelly Santana de Melo









sexta-feira, 3 de abril de 2020

Uma orientação negligenciada pelas autoridades sanitárias que todo cidadão deve observar em tempos de Covid-19

 Nilson Jaime, D.Sc.*

Dentre as inúmeras orientações das autoridades sanitárias nao leio nada sobre o armazenamento de alimentos sob refrigeração e congelamento .

É sabido que esse "novo" coronavirus (Sars-cov-2), causador da Covid-19, tem em 8,72°C sua temperatura ótima de estabilidade (não digo sobrevivência, pois há controvérsias se vírus é, ou não, um ser vivo).

Mas o coronavírus pode manter-se estável e ser transmitido sob temperaturas bem mais altas. A temperatura do corpo humano é de 36-37°C e ele infecta e se replica nas células humanas, por exemplo.

Não é verdade que esse coronavírus não se desenvolve em climas tropicais. Os que divulgam essa informação, sem nenhuma base científica, o fazem em desfavor da sociedade, como a proverbial avestruz que esconde a cabeça e deixa o corpo vulnerável.

Ademais, o número de infectados e mortos no Brasil e em outros países de clima quente desmentem essa falsa informação. 

Assim, como devemos proceder com alimentos guardados sob refrigeração em casa?

🔬Ao chegar com as compras isole os sacos plásticos e descarte-os ou coloque-os em quarentena por uma semana.

🔬Borrife os Iogurtes e embalagens de embutidos, salames, presunto, queijos e outros frios, com solução de Álcool 70%, usando um borrifador, tipo bombinha de umedecer roupa.

🔬Lave todos os enlatados e garrafas de refrigerantes, sucos e água mineral com água e detergente.

🍊Frutas e legumes com casca, ou raízes (cenoura) e tubérculos (batatinha) deverão ser lavados um a um com água e detergente neutro.

🍇Frutas como uvas, caju e caqui, e outras com película fina, ou de difícil lavagem, devem permanecer em solução clorada 150 ppm (6 ml de água sanitária doméstica, não odorizada para cada litro de água) por meia hora.

🥦Verduras folhosas, ou inflorescentes, como brócolis e couve flor, devem ser sanitizadas em solução clorada 75 ppm (3 ml de água sanitária para cada litro de água. Use uma seringa para medir) por 15 minutos.

🍎Todas as frutas, legumes e verduras, após  a sanitizacão em solução  clorada, devem ser enxaguadas em água potável (pode ser da torneira, se a água for clorada) e acondicionados em um recipiente com tampa, ou saco plástico não utilizado.

🍉Nesses próximos doze meses, evite consumir frutas fracionadas, como a melancia vendida nos supermercados. Se optar por alimentos minimamente processados, certifique-se de que o fornecedor observa as Boas Práticas  de Fabricação (BPF).

🥩Evite adquirir carnes vendidas sob exposição direta, como as serenadas, ou secas ao sol, e as vendidas em feiras livres, sem proteção. 

🔬As embalagens com carne, frango e outros alimentos a serem congelados devem também ser borrifados com álcool 70%.

🔬Álcool em gel dificulta a distribuição, sendo preferível o álcool 70% líquido.
Importante: nunca faça esses procedimentos com a chama do fogão aceso. O álcool além de volátil é muito inflamável e explosivo.

😣O único inconveniente dessa operação  é que o álcool tira as marcações de etiquetas dos produtos fracionados, como as datas de fracionamento de presunto, por exemplo. 

🔬Lembre-se: temperaturas de congelamento (de 0°C a -20°C), ao contrário do que se pensa, não mata bactérias nem desnatura o RNA/DNA dos vírus. Assim que for descongelado, os patógenos podem infectar ou gerar toxinas que causam toxinoses alimentares (causadoras de doenças).

🔬Lave sua geladeira ou freezer uma vez por semana, usando água e detergente neutro. Não  use solução clorada, pois amarelece a pintura dos eletrodomésticos e pode oxidar partes metálicas.

🔬Geladeira e freezer apenas diminui o metabolismo dos microrganismos deteriorantes e dos vegetais, preservando os últimos por um tempo maior.

🔬Da mesma forma, refrigeração (0°C a 12°C) ou congelamento (temperaturas menores que 0°C) não eliminam patógenos. Sua geladeira pode ser um perigoso repositório de microrganismos causadores de doenças.

😊Mantenha a boa assepsia de seus eletrodomésticos e dos alimentos nele contidos e aproveite para curtir o isolamento responsável com sua família.

 *Nilson Jaime é mestre e doutor em Agronomia e atuou como professor universitário  e  consultor de segurança de alimentos (BPF, APPCC e ISO 22.000) em dezenas de indústrias alimentícias durante 30 anos.

Ajuda ao pequeno produtor

Nestes tempos de pandemia, com limitação de acesso às vias públicas e ausência da feiras livres, uma solução prática é a compra on line. Com isso quem está em isolamento pode reabastecer a casa e ainda ajuda o produtor a se manter financeiramente. Abaixo segue uma lista com o nome, contato e produto comercializado pelo pequenos produtores de Pirenópolis.


O ócio, a esta altura

Divirto-me com os amigos que me dão conta de seu quase desespero ante o dever de estarem em casa, cumprindo o isolamento imposto pelos riscos de se contrair essa doença “chinesa”. Cada qual tem um modo de reagir, de encher o tempo, de buscar afazeres para que as horas “passem depressa”. Muitos se dizem angustiados com esse ócio obrigatório e conseguem produzir peças cômicas ante as restrições da vida nestas últimas semanas, mas há os que se mostram criativos e inquietos. Estes, acho eu, sofrem menos.

Ou não sofrem. Afinal, fortalecer rotinas comuns, como procurar limpar com mais rigor espaços e móveis, estantes e armários são ações para os primeiros dias. Mais difícil é abrir caixas de há-muito fechadas com velhos papéis e objetos, vistoriá-los para uma seleção que nos induz a preservar o mínimo e desfazer-se do máximo possível.

Escolhi isso, mas somente no segundo dia. Por incrível sorte, ou coincidência, na primeira caixa encontrei um sem-fim de papéis que me trouxeram notícias de fatos vividos e feitos realizados de que não mais me lembrava. Desse volume, eliminei cerca de vinte por cento dos papéis, e regozijei-me com boa parte deles – recortes de jornais, velhos escritos não publicados, cartas e bilhetes, recados...

Na segunda uma relíquia: nada menos que 23 pequenos quadros – desenhos do artista Rossevelt de Oliveira – o Roos – que guardei desde a última mudança, há cinco anos. Separei-os para aplicá-los com zelo e carinho na parede, feito uma homenagem ao amigo que se foi há tempo ainda breve, deixando-me, ainda outras molduras que me impedem a tristeza, bem como muito de sua arte em capas de livros meus.

E leio muito. E discuto nas mídias sociais, e digo de amor e amigos nas redes, e arrumo estantes, e separo livros e leio – hoje mesmo, esta quinta-feira 2 de abril, abrirei mais um livro, o quinto destes vinte dias. Ah! E tenho também as alegrias no quintal: cuidar, meio desleixado, da gatinha visitante que pela segunda vez veio parir no meu quintal. Os quatro filhotes de agora nasceram no carnaval, há pouco mais de um mês, e totalizam sete com que nasceram no meu aniversário do ano passado.

Esta sexta-feira será dedicada em boa parte ao quintal, de novo. Quero cuidar de algumas plantas que exigem atenção, considerar a extensão do gramado e o plantio de novas espécies, bem como fazer algumas podas. De volta a casa, as estantes para cuidar, também – limpar e rearrumar, eliminar excedentes e observar os de que poderei dispor para doação, também.

E volto aos amigos desesperados. Tem o que se recusa a ficar em casa – para justificar suas saídas, ofereceu-se para fazer compras em supermercados, farmácias e feiras para os vizinhos. Tem a que se voltou para trabalhos artesanais como costura e bordado, restaurando roupas, como calças e vestidos, e ornamentando velhas blusas. Tem quem realize “lives” cantando e tocando e os que declamam poemas. E os que vemos nas janelas do Brasil inteiro, realizando um belo feito de relação com a vizinhança.

E, do lado mais triste, as famílias surpreendidas com pessoas contaminadas, com os que estão internados e os que não resistiram. Aos que perderam seus amados fica uma tristeza ainda maior que a comum, pois que velórios são impedidos – para que o vírus não se propague ainda mais – e os sepultamentos acontecem de modo sumário.

Menos para alguns moradores de Juruti, uma cidade a 1.580 km de Belém, no interior do Pará. Lá, o advogado Claudionam– faleceu e suspeitou-se do famigerado vírus que assola a humanidade. Mas após o sepultamento sem cerimônias saiu o resultado – a causa mortis não foi o Corona Vírus – https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/04/02/corpo-de-advogado-e-retirado-de-tumulo-ao-testar-negativo-para-covid-19.htm.

A família, então, sentiu-se no direito de exumar o corpo e realizar o lamentado velório; logo após, procedeu ao sepultamento, com as honras que o extinto merecia.

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Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras e da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música

Coronavírus - a cidade tenta se proteger

Desde que se anunciou que o mundo estava diante de uma pandemia, nossa rotina não foi mais a mesma. Somos forçados a ficar em casa, em detrimento de nossa vida profissional, social e cultural. É um isolamento forçado que mexe com nossos nervos e nossa paciência, embora saibamos ser necessário. Há países onde mil pessoas morrem por dia - isso mesmo, mil - numa escala de contaminação nunca vista na história humana.

No caso de Pirenópolis, a administração municipal, ainda inexperiente nesses assuntos, faz o que pode e o que não pode para tentar blindar a cidade. Embora contaminado pelo vício da ilegalidade, um decreto municipal limitou o acesso à cidade apenas aos moradores locais, o que extrapola o direito de ir e vir e os poderes do gestor municipal. Mas como o Ministério Público, que é o órgão fiscalizador da aplicação da legalidade, quedou-se silente, a medida ainda vigora. Só que essa contenção de visitantes era feita apenas durante o dia, então os espertos aproveitaram a solitária noite para adentrar pelo portal principal. Ao descobrir isso, a administração passou a fiscalizar o entra e sai durante 24 horas, o que se mostrou mais efetivo. Ainda assim há três casos suspeitos em Pirenópolis.

Meio sem saber como criar um isolamento eficaz, a administração mais uma vez resolveu agir e fechou as demais entradas, deixando apenas o portal. Isso facilitou o monitoramento, pois passou-se a necessitar de uma equipe menor. Só que o que está ruim pode piorar. E em outro ato inconstitucional, foi determinado pelo gestor municipal (isso mesmo, o prefeito) que se fechasse completamente a GO 431 (rodovia estadual), colocando-se manilhas no meio do asfalto, Outra vez silente, o Ministério Público é um personagem que ainda não entrou nessa história. E qual o consequência dessa ação? É que quem vem, por exemplo, de uma das fazendas da região, ou mesmo de um dos bairros além do bloqueio, se quiser ir a Pirenópolis agora necessita dar a volta por Anápolis. Pode isso?


Uma boa iniciativa foi a aquisição de termômetros corporais para ver se o transeunte tem febre ou não, além da obrigatoriedade de preenchimento de um formulário. Isso está correto e pode ser eficaz. Igualmente louvável foi a criação de um número via WhatsApp para denúncias de ocorrências que violem o isolamento social, conforme já noticiado aqui neste blogue.

O que pesa contra a sorte dos pirenopolinos é a carência hospitalar, falha que já deveria ter sido suprida há muitas décadas e que não pode ser creditada à atual administração. O Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime conta com apenas 34 leitos (muito ocupados por outras doenças) e nenum de UTI (unidade de tratamento intensivo). Um vergonha para um município tão antigo e famoso quanto o nosso, que recebe milhares de turistas. Se ocorrer algum caso grave do novo coronavírus, o infectado deve ser encaminhado, através de regulação, para o Hospital de Campanha para o Enfrentamento ao Coronavírus em Goiânia. A boa notícia é que há sete respiradores disponíveis e a secretaria municipal de Saúde adquiriu 33 mil máscaras.

Na outra vertente do problema, deve-se ressaltar os estragos econômicos que o coronavírus já causa em nossa cidade. Os alugueis aqui são caros, os custos de manutenção também, e muito tempo sem receber turistas pode levar ao colapso a economia local, infelizmente.

E é assim, aos trancos e barrancos, que Pirenópolis tenta passar da melhor forma possível pela terrível pandemia.

Adriano Curado



quinta-feira, 2 de abril de 2020

Coronavírus - a cidade ilhada

Não sei onde este País chegará se não nos orientarmos dentro da legalidade, que é o centro do Estado Democrático de Direito, um dos pilares da democracia. Em um ato administrativo que extrapola os seus poderes constitucionais, o Município de Pirenópolis determinou o fechamento de uma rodovia estadual. Isso é um absurdo que precisa ser prontamente reparado. E eu pergunto: onde está o Ministério Público que não tomou providências ainda para tornar sem efeito uma aberração jurídica desse porte?

A discussão aqui não é se haverá ou não resultado positivo advindo desse decreto municipal, ou seja, se isso será capaz de deter a pandemia do coronavírus. O que chamo ao debate é um ato arbitrário desse porte chegar ao cúmulo de se efetivar e ninguém fazer nada.

Ações assim ferem nossa Constituição Federal e podem ter consequências sérias sobre a ainda jovem democracia. É justamente nos momentos de calamidade pública que se testa a força da estruturação de um Estado. Quando suas instituições cambaleiam e não conseguem se orientar dentro dos ditames da lei, é sinal de que as coisas não andam bem.

Adriano Curado

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Coronavírus - a cidade deserta

Na fotografia de Luiz Triers podemos ver uma Pirenópolis deserta e solitária que mais parece uma cidade fantasma. Isso nem de perto lembra a realidade da movimentação que sempre agitou nossa terra, desde os tempos em que se chamava Meia Ponte e era um barulhento garimpo (século XVIII) ou um entreposto comercial (século XIX).

Enfim... vamos torcer para esse tormento passar logo.