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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

As candeias


Vou me manifestar como poeta e fazer constar meu protesto nos anais da inspiração. Não deveriam trocar a cor dos vidros das candeias. A coloração branca é fria, insossa, insípida e vazia de conteúdo. Já o dourado é romântico e sedutor qual a musa das noites lascívias que inspiram os menestréis madrugadas afora. Por tudo isso suplica o poeta combalido para que não privem as calçadas pirenopolinas do ouro desmaiado que exala da luz dourada de outros tempos. Façam isso e ele se dispõe a catar voluntariamente os cacos de poesia que se espalharem pelo chão.

Adriano Curado

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Novo preço corrida motoboy


Atenção que o preço da corrida de motoboy em Pirenópolis subiu. A nova tabela está assim definida:

7 reais para qualquer localidade dentro da cidade 
8 reais para o Residencial Luciano Peixoto

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O adeus a Luiz do Louro

Foto: Alencar Camargo de Oliveira

É difícil acreditar no falecimento de Luiz do Louro, porque olho para a rua e o vejo surgindo ali detrás da Matriz, chapéu branco na cabeça, andar cambaleante e sorriso farto. Desde jovem sempre andou com um cajado na mão e dizia que era muito idoso.

Luiz foi por muito anos um "salveiro", ou seja, aquele que soltava fogos e acionava os tocos da ronqueira, por ocasião da Festa do Divino. Certa ocasião, me lembro como se fosse hoje, houve um concorrido Reinado na Vila Matutina e um respeitável time de fotógrafos se posicionou para esperar que os festeiros saíssem de casa. O que eles não observaram é que estavam bem próximos das girândolas. Luiz olhou divertido para aquela cena, já antevendo o que ocorreria, e quando chegou o momento, sem cerimônia alguma, ateou fogo no pavio e o foguetório começou. Foi fotógrafo saindo em disparada para todo lado, pânico nos olhos, sem compreender direito o que havia acontecido.

Esse tipo de gente faz falta para nossa história. A Luiz do Louro as homenagens deste site.

Adriano Curado

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O velho fogão




Fogão velho da roça, desses de cimento queimado, encerado de vermelho, da comidinha caseira feita na banha de porco e temperada com alho socado. Ali o feijão borbulha noite inteirinha num caldeirão de ferro e no outro dia tem caldo encorpado e gostoso. Ali a carne de lata se desmancha e colore o arroz soltinho.

No forno do fogão a lenha já está assada a broa de milho, e enquanto o café escalda no coador de pano, já tem meninada em volta da mesa, cotovelos na toalha xadrez e olhares de infância feliz.

No rabo desse velho fogão, já se sentaram muitas gerações de prosadores, conversa que fluía macia, a lembrança acordada pela aguardente do engenho logo ali à frente.

Em dia de festa, espalham-se doces coloridos pelo fogão, queijo fresco do leite das curraleiras paridas, requeijão trabalhado por muitos braços, bolo de fubá fresquinho. Mas em ocasião de luto, rondam por ali homens sisudos, que fumam cigarros de palha e conversam em surdina, mulheres circunspectas e vestidas com discrição.

Passam-se as gerações e o fogão continua lá na cozinha. Vez em quando uma reforminha boba, um reboco acolá, uma nova demão de cera. Nada que comprometa a obra de arte. E em torno dele ficam as recordações das tantas gentes que estiveram ali e já não estão mais.

Adriano Curado