Da esquerda para a direita: Aluizio, Agostinho de Pina, Wilson e Joaquim Pompeu.
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terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
O telhado
Chaminé
comprida que exala o cheiro singular da comidinha de roça e se
equilibra na longa fila de telhas envelhecidas! E eu me pergunto
quantas almas já habitaram debaixo desse teto e quantos conflitos,
alegrias, exaltações, confidências, já foram trocadas! Quanta
chuva já percorreu a estreita bica de telhas! Ou seriam lágrimas
que correm? Mas no dia em que ruir esse telhado centenário, os
gritos, as aflições, os medos, todos eles sairão por aí, como um
barco que vaga sem motor à procura de porto seguro.
Adriano
César Curado
sexta-feira, 26 de abril de 2013
As Cavalhadas reinventadas
Um fato
histórico que poucos sabem, mas que representa um importante marco
para a continuidade do folclore pirenopolino, é que as Cavalhadas de
Pirenópolis, tal qual as conhecemos hoje, foram totalmente
reformuladas na década de 1930.
Diferente
do que acontece nos dias atuais, antigamente as apresentações eram
esporádicas, dependiam de uma série de fatores, como a iniciativa
do Imperador, por exemplo, e não havia uma equipe fixa de
cavaleiros. Se um festeiro decidia “dar” Cavalhadas em seu
Império, tinha que ir atrás de quem havia participado há muitos
anos das apresentações. Mas pouca gente tinha interesse em correr,
pois o espetáculo não possuía o glamour dos dias atuais.
Com o
correr do tempo, as apresentações rarearam, até quase acabar. Nos
Impérios de Gastão Jayme de Siqueira (1928) e João Luiz Pompeu de
Pina (1929), por mais que os Imperadores se esforçassem, não
conseguiram mais reunir os vinte e quatro cavaleiros. Correram com
dezesseis, oito de cada lado. Depois disso, houve descrença e os
festeiros seguintes não se animaram mais.
Cinco
anos depois, em 1934, foi sorteado Imperador Luiz Abadia de Pina
(Lulu), que decidiu reviver tão importante representação teatral.
Mas o desafio não foi pequeno. Reunidos os antigos cavaleiros,
poucos se lembravam das coreografias, muitos já haviam morrido e
grande parte não se interessou. São antigos cavaleiros da época:
Júlio de Aquino, Otacílio Fereira, Antônio Jayme, Antônio José
da Veiga, entre outros.
Com a
iniciativa de Lulu de Pina, começou-se a formar um grupo fixo de
cavaleiros, o que não era fácil. Júlio de Aquino foi rei Mouro.
Manoel Inácio de Sá (Neco de Sá), rei Cristão. João José de
Oliveira, embaixador Mouro etc.
Só que
havia um problema sério: as anotações das coreografias se perderam
e ninguém mais se lembrava de todas as carreiras, depois de tantos
anos. Então os cavaleiros tiveram que reinventar as Cavalhadas.
Reunidos os antigos, indagavam sobre essa ou aquela carreira,
anotavam. E as que não eram mais lembradas, eles inventaram com
caroço de milho sobre a mesa (depoimento de João José de
Oliveira). Até que conseguiram fechar.
Lulu de Pina, Imperador em 1934 |
A missão
que Lulu de Pina lhes confiou era tão grande, que eles ensaiavam o
dia todo. Fugiam do sol à medida do possível com a variação de
locais. Eram três campos de ensaio. De madrugadinha, ensaiavam no
antigo campo de aviação, onde hoje está o bairro Alto do Bonfim. À
tarde, detrás da Igreja do Carmo, um local deserto onde eles
próprios improvisaram um campo. E à noite, com precária
iluminação, fechavam o dia com breve ensaio no campo de futebol,
mesmo local onde ocorrem as apresentações atualmente.
As
apresentações de hoje são herança do esforço daqueles homens
singulares, que fizeram o impossível para não deixar morrer as
apresentações das Cavalhadas, mas poucos se lembram deles. Fica
aqui nossa homenagem aos antigos cavaleiros esquecidos no tempo.
Adriano
César Curado
Fonte:
ALMEIDA, Renato. Cavalhadas dramáticas. Folclórica – Revista do
Instituto Goiano do Folclore, Goiânia, n. 3, ano 2, 1973.
ALVES, Luiz Antônio. Pirenópolis: Festa do Divino. Cultura –
Publicação do Ministério da Educação e Cultura. Brasília, ano
I, n. 2, 1971.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cavalhadas de Pirenópolis. Goiânia:
Oriente. 1974.
CARVALHO, Adelmo. Pirenópolis, história, turismo e curiosidade.
Goiânia: Kelps, 2000.
CURADO, Glória Grace. Pirenópolis, Uma Cidade para o Turismo.
Goiânia.: Oriente. 1980.
PEREIRA, Niomar; VEIGA JARDIM, Mara Públio de Sousa. Uma festa
religiosa brasileira: festa do Divino em Goiás e Pirenópolis. São
Paulo: Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978.
PINA FILHO, Brás Wilson Pompeu de. Folclore Goiano: Festa do Divino
em Pirenópolis. Aspectos da Cultura Goiana. Goiânia, v. 2, 1971.
SILVA, Mônica Martins da. A Festa do Divino. Romanização,
Patrimônio & Tradição em Pirenópolis (1890 – 1988).
Goiânia: Agepel, 2001.
SIQUEIRA, Vera Lopes de. Datas pirenopolinas – 1727-1997 (s.l.,
s.d.) (Mimeo).
B) Pessoas entrevistadas:
João José de Oliveira;
João Lopes da Silva (Joãozico Lopes);
Maria Jayme de Siqueira Pina;
Manoel Ignácio de Sá;
Sebastião Dias Goulão;
Venceslau Antônio de Oliveira (Lalau).
* * *
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Numeração dos Mascarados de Pirenópolis
Não sei
o motivo, mas volta e meia surge do nada essa polêmica da numeração
dos Mascarados de Pirenópolis. É só se aproximar a Festa do Divino
e começam rumores sobre o assunto.
Sou
contra a numeração dos Mascarados de Pirenópolis, também chamados
Curucucus, por vários motivos. O maior deles é a repercussão
negativa que isso causará na festa, que agora é Patrimônio
Cultural Brasileiro e não pode correr o risco de perder tal título,
que certamente advêm da espontaneidade da participação popular.
A situação agora virou uma queda de braço. Se numerar, há greve. Ninguém sai de Mascarado. E já pensou no estrago que isso pode causar?
Foto histórica
Moças de Pirenópolis em 20/01/1929. Em pé : Aretuza de Pina Campos, Zuleica de Pina Campos, Euphemia Carvalho e Lelia Pompeu de Pina. Sentadas: Yvone Pompeu de Pina, Iracema Carvalho e Lucy de Pina Campos.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
A nova palmeira da Matriz
O prefeito Nivaldo Melo e alguns populares plantaram a palmeira imperial em substituição à que foi cortada. Trata-se de uma muda grande, o que diminuirá o tempo para alcançar a outra palmeira na torre do sino.
As fotos são divulgação da Prefeitura Municipal de Pirenópolis.
terça-feira, 23 de abril de 2013
segunda-feira, 22 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Eram as telhas feitas nas coxas dos escravos?
Hoje,
mais uma vez, presenciei a lenda de que as telhas do tipo
“capa-canal” ou colonial eram feitas nas coxas dos escravos.
Bom,
para aqueles que continuam a perpetuar este mito, indico vivamente o
artigo do arquiteto Prof. José La Pastina Filho (superintendente do
IPHAN no Paraná), intitulado “Eram as telhas feitas nas coxas das
escravas?” (disponível em:
www.culturaespanha.org.br/download.php?codigoArquivo=40).
Segundo
La Pastina, a comparação ocorre, pois há semelhança na forma
tronco-cônica entre o formato das telhas tradicionais e a parte
superior das pernas dos humanos. Entretanto, possuindo o “know-how”
de mais de três décadas restaurando as coberturas de edifícios, o
autor expõe claramente, por meio de um estudo de caso, de que tal
associação entre coxas humanas e telhas não passa de uma lenda
histórica, sendo as telhas produzidas sobre moldes de madeira.
“Para
confirmar nossa convicção das inconsistências da assertiva popular
– telhas feitas nas coxas dos (as) escravos (as) – tomamos as
medidas das coxas de um homem de 1,80m de altura e verificamos que,
usando-a como molde, só seria possível a fabricação de uma
minúscula telha de 36cm de comprimento. Sem maiores preocupações
com aspectos de anatomia humana, se estabelecermos uma simples regra
de três, poderemos verificar que, para fabricar uma telha de 77 cm,
precisaríamos contar com um escravo de 3,95m de altura. Além disto,
em termos de otimização de força de trabalho, mesmo numa sociedade
escravocrata, teríamos uma perda substancial na força de trabalho:
um escravo imobilizado, com lâminas de barro sobre suas duas coxas,
e pelo menos dois outros para remover cada uma delas e transportá-las
ao estaleiro.” (La Pastina Filho, 2006).
Pois
então, será mesmo que os escravos possuíam mais de 3 metros de
altura ou será que a nossa sociedade sempre quis enxergar o lado
pejorativo da expressão “feito nas coxas”?
Danilo
Curado
Cavalhadas daqui a um mês!
Falta um mês para começar a festa das Cavalhadas de Pirenópolis. Os artesãos já confeccionam as máscaras que em breve colorirão o espetáculo. As doceiras se organizam para dar uma demão na casa do Imperador do Divino. Os cavaleiros pesquisam material para recompor a roupa do ano passado. Enfim, é a cidade que entra em clima de festa. Daqui para frente os compromissos diminuem, as responsabilidades afrouxam, e o povo só pensa mesmo em se divertir.
Adriano César Curado
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Programação da Folia do Divino 2013
03/05/2013 (sexta-feira) pouso Antônio Santana
04/05/2013 (sábado) pouso Seringueira
05/05/2013 (domingo) pouso Fazenda do Cacada
06/05/2013 (segunda-feira) pouso Santo Antônio
07/05/2013 (terça-feira) pouso Fazenda Chapada
08/05/2013 (quarta-feira) pouso Fazenda do Genésio
09/05/2013 (quinta-feira) pouso Povoado Caxambu
10/05/2013 (sexta-feira) pouso Fazenda do João Baldino
11/05/2013 (sábado) pouso Fazenda Mateus Machado
12/05/2013 (domingo) chegada da folia pelas ruas da cidade
quarta-feira, 17 de abril de 2013
O fogão a lenha
Fogão
velho da roça, desses de cimento queimado, encerado de vermelho, da
comidinha caseira feita na banha de porco e temperada com alho
socado. Ali o feijão borbulha noite inteirinha num caldeirão de
ferro e no outro dia tem caldo encorpado e gostoso. Ali a carne de
lata se desmancha e colore o arroz soltinho.
No forno
do fogão a lenha já está assada a broa de milho, e enquanto o café
escalda no coador de pano, já tem meninada em volta da mesa,
cotovelos na toalha xadrez e olhares de infância feliz.
No rabo
desse velho fogão, já se sentaram muitas gerações de prosadores,
conversa que fluía macia, a lembrança acordada pela aguardente do
engenho logo ali à frente.
Em dia
de festa, espalham-se doces coloridos pelo fogão, queijo fresco do
leite das curraleiras paridas, requeijão trabalhado por muitos
braços, bolo de fubá fresquinho. Mas em ocasião de luto, rondam
por ali homens sisudos, que fumam cigarros de palha e conversam em
surdina, mulheres circunspectas e vestidas com discrição.
Passam-se
as gerações e o fogão continua lá na cozinha. Vez em quando uma
reforminha boba, um reboco acolá, uma nova demão de cera. Nada que
comprometa a obra de arte. E em torno dele ficam as recordações das
tantas gentes que estiveram ali e já não estão mais.
Adriano
César Curado
Reunião do fórum da região do ouro em Pirenópolis
Acontecerá no dia 23 de abril de 2013 a Reunião do Fórum da
Região do Ouro na cidade de Pirenópolis - GO, realização da Secretaria
Municipal de Turismo de Pirenópolis. Segue abaixo horário, local do evento e
programação:
Horário: 10h
Local: CENTRO DE ARTES E MÚSICA ITA E ALAOR SIQUEIRA -
Endereço: Praça Emanuel Jaime - Centro (em frente aos Correios, 1ª. Rua a direita após a Prefeitura).
Programação:
Apresentação Instituto de Pesquisas de Turismo - IPTUR
- Bruna Salgueiro/ GoiasTurismo
Apresentação PRODETUR - GoiasTurismo
Apresentação e informação sobre o "Caminho de
Cora" - Tom Rebello
Apresentação e definição de manutenção do site:
http://www.cidadeshistoricasgoias.com.br/ - Augusto Araújo
Visita Técnica
Todos que participarão deverão confirmar presença na reunião
até dia 19/04, através do e-mail: turismo@pirenopolis.go.gov.br
terça-feira, 16 de abril de 2013
A Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música completa 19 anos
Hoje é o
aniversário de 19 anos da nossa Academia Pirenopolina de Letras,
Artes e Música (Aplam).
Ainda me
lembro como se fosse hoje. No dia 16 de abril de 1994, depois de
alguns ajustes, Arnaldo Setti, José Jayme e José Mendonça Teles
concluíram a lista de patronos e acadêmicos. Precisamente às
17h00, no Museu das Cavalhadas, foi declarada fundada a Aplam.
Encontravam-se presentes: José Sisenando Jayme, Luiz de Aquino Alves
Neto, José Mendonça Teles, Vera Lopes Siqueira, Joaquim Thomaz
Lopes, Ita e Alaor de Siqueira, Maria Inês Curado, Jurema de Zé do
Pina, Nilse Jacinto, Valdo Lúcio Cardoso, José Raimundo Reis, Wilno
Pompeu de Pina, Naziam Brandão, Adriano César Curado e cinco
acadêmicos da Academia de Letras de Brasília, a saber, Arnaldo
Setti, Victor Tannuri, Mauro Castro, José Carlos Gentili e Murilo
Moreira Veras. Aos presentes foi servida farta mesa de quitandas,
doces e salgados, acompanhados de sucos e licores.
Atualmente
Colandi de Carvalho exerce a presidência da Academia, mas seu
mandato está no fim. Uma nova assembleia geral será convocada nas próximas semanas para eleição da nova diretoria da entidade.
Adriano
César Curado
segunda-feira, 15 de abril de 2013
O Morro do Frota, sua Mansão e a Igreja do Carmo
"Situa-se no maciço a leste de Pirenópolis a elevação de todos conhecida como Morro do Frota.
Provém o nome de seu primeiro dono, o riquíssimo Sargento-mór Antônio Rodrigues Frota, natural da freguesia de São Miguel do patriarcado de Lisboa, falecido em Pirenópolis a 22 de dezembro de 1774. Segundo Jarbas Jayme, a ele e a seu sogro Luciano Nunes Teixeira deve Pirenópolis a Capela de Nossa Senhora de Monte do Carmo – aquela ao lado da ponte de madeira, tradicionalíssima, sobre o Rio das Almas – capela que construíram, onde estão sepultados e onde existiam suas lápides sepulcrais. A igreja passou por uma deprimente reforma em 1868 possivelmente, perdendo suas características coloniais, mais elegantes a meu ver – como se observa em belíssimo desenho de W. J. Burchell, de 1828. Estava então prestes a ruir, escorada por postes de madeira. Aparece na última capa desta revista, em fiel pintura do acadêmico Pérsio Ribeiro Forzâni, baseada no esboço de Burchell.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
A Festa do Divino de Pirenópolis
A
festa em louvor ao Divino Espírito Santo é uma manifestação
cultural de cunho religioso que se popularizou em diferentes regiões
ocidentais europeias a partir da Idade Média. Celebrada cinquenta
dias após a Páscoa, comemora a descida do Espírito Santo sobre os
apóstolos. Na liturgia Católica, essa festa é chamada
“Pentecostes”.
A
festa do Divino foi introduzida no século XIV em Portugal pela
rainha dona Izabel de Aragão, casada com o rei dom Diniz.
No
Brasil esses festejos serviram de artifício de encantamento para
amenizar choques culturais. De um lado, as tradições dos índios e
dos brasileiros mestiços, do outro a intenção da Igreja Católica
de catequizá-los de maneira branda, sem maiores dissabores.
Com
a vinda da família imperial para o Brasil, em 1808, as festas
populares receberam apoio oficial e até incentivo. Entre elas a
Festa do Divino. A representação teatral da monarquia era um
estratagema eficiente de se semear, na mente da população, a
importância da existência da realeza.
Na
cidade de Pirenópolis, em 1819, vamos presenciar a surgimento de uma
Festa do Divino com as características sociais da época. A escassez
do ouro alterou profundamente a sociedade local, com a diminuição
do número de habitantes e impacto na economia. Chamava-se Meia Ponte
e situava-se estrategicamente nas rotas comerciais imperiais. Era
também o segundo núcleo urbano da província e tinha uma boa
infraestrutura composta de prédios públicos, biblioteca, templos
amplos e casarões sólidos. Sua importância para Goiás e o Brasil,
naquela época, certamente está associada aos empreendimentos
comerciais do comendador Joaquim Alves de Oliveira.
É
nesse contexto social que surge a Festa do Divino, comemoração de
destaque entre os festejos locais, que tomou contornos peculiares e
regionais firmados no sincretismo.
O
pirenopolino sempre foi festeiro e alegre, e doou-se espontaneamente
ao envolvimento com os preparativos das festividades. Surge então
entre os membros da comunidade a figura solene do Imperador do
Divino, sorteado entre diversos candidatos, com a responsabilidade de
arcar com o grosso das despesas, embora recebesse diversas doações
e mais a colaboração das folias, que são rituais peditórios de
esmolas. É a figura central da festa, tem assento ao lado do
sacerdote na igreja e destaque nos meios sociais.
Aos poucos a festa agregou elementos de outras manifestações folclóricas e ganhou aspecto grandioso. Temos o cortejo imperial solene, com cordões de virgens, banda de música, congo, congada. Há também levantamento de mastro, queima de fogueira, alvoradas com as bandas de música e de couro, queima de fogos, retretas, tocatas na porta da igreja, zabumbas etc.
No
início do século XX, a Festa do Divino englobou a festa dos pretos,
que são os reinados e juizados, e surgiu uma festa dentro da festa.
O
engrandecimento da Festa do Divino, no entanto, ocorreu com o início
da encenação das Cavalhadas de Pirenópolis, que se apresentaram
pela primeira vez em 1826. Era a festa do Imperador Pe. Amâncio da
Luz, um homem de destaque na política e na cultura pirenopolinas.
Até então a coroa era de madeira, mas ele mandou fazer, de prata,
tanto a Coroa do Divino quanto o cetro atuais, que já têm 186 anos.
Embora
seja desconhecida a origem da figura dos Mascarados, provavelmente
eles estavam presentes nas primeiras cavalhadas. Representam a
alegria. Usam roupas coloridas, cavalos enfeitados, falam em falsete
para evitar a identificação de sua pessoa. É o povo que se
diverte. O coronel lá no alto do camarote não pode impedi-lo de se
apresentar, porque o anonimato o protege.
Sobre
o teatro de revista “As Pastorinhas”, a peça foi trazida a
Pirenópolis pelo telegrafista nordestino Alonso Machado e
apresentada pela primeira vez em 1922. Alonso, no entanto, não quis
doar o texto e as músicas para a cidade, então o maestro Joaquim
Propício de Pina e José Assuério copiaram o auto escondido e,
apesar da partida do telegrafista, a encenação foi incorporada aos
festejos do Divino e é apresentada até hoje.
A
modernização da Festa do Divino se deu com o sorteio de Geraldo de Pina, em 1969, que era deputado federal e tinha influência em
Brasília. Ele foi o responsável pelo novo fôlego da festa, ao
promover o início dos festejos com bastante barulho (alvoradas,
zabumba e apresentações da Fênix). No dia 24 de maio, sábado do
Divino, foi feita uma queima de foguetes que ficou na história, com
uma girândola de 10 mil tiros, além de fogo de artifício e
disparos de ronqueira. Centenas de meninas vestidas de branco saíram
do casarão de seu pai, Lulu de Pina, no rumo da Matriz.
Devido
à influência de Geraldo como deputado federal, Pirenópolis se
tornou conhecida por Brasília e foi “invadida”, pela primeira
vez, pelos turistas. Isso só foi possível porque, no plano de
revitalização da festa, Geraldo tomou a corajosa decisão de puxar
a primeiro dia das Cavalhadas para o domingo, e, daquele ano em
diante, os turistas puderam assistir pelo menos um dia de
apresentação.
Hoje
a Festa do Divino de Pirenópolis tem repercussão mundial, embora
não deixe de ser uma festa tipicamente pirenopolina. É a
espontaneidade do povo em fazer acontecer os festejos que a torna
autêntica e imortal.
Ao dar o título de patrimônio cultural imaterial do Brasil à Festa
do Divino Espírito Santo de Pirenópolis, o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional certamente implementará políticas
para sua proteção, com medidas que a salvaguardem dos problemas que
possam colocá-la em risco.
Manter acesa e viva a Festa do Divino de Pirenópolis é
um desafio constante. Mas uma tradição que já dura pelo menos 194
anos não perecerá. Ela será eterna e pulsante enquanto houver um
pirenopolino disposto a doar um pouco de si em prol do coletivo.
Adriano
César Curado
Fonte:
ALMEIDA,
Renato. Cavalhadas dramáticas. Folclórica – Revista do Instituto
Goiano do Folclore, Goiânia, n. 3, ano 2, 1973.
ALVES,
Luiz Antônio. Pirenópolis: Festa do Divino. Cultura – Publicação
do Ministério da Educação e Cultura. Brasília, ano I, n. 2, 1971.
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues. Cavalhadas de Pirenópolis. Goiânia: Oriente.
1974.
CARVALHO,
Adelmo. Pirenópolis, história, turismo e curiosidade. Goiânia:
Kelps, 2000.
CURADO,
Glória Grace. Pirenópolis, Uma Cidade para o Turismo. Goiânia.:
Oriente. 1980.
JAYME,
Jarbas. Esboço Histórico de Pirenópolis. 2 v. Goiânia: UFG, 1971.
PEREIRA,
Niomar; VEIGA JARDIM, Mara Públio de Sousa. Uma festa religiosa
brasileira: festa do Divino em Goiás e Pirenópolis. São Paulo:
Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1978.
PINA
FILHO, Brás Wilson Pompeu de. Folclore Goiano: Festa do Divino em
Pirenópolis. Aspectos da Cultura Goiana. Goiânia, v. 2, 1971.
SILVA,
Mônica Martins da. A Festa do Divino. Romanização, Patrimônio &
Tradição em Pirenópolis (1890 – 1988). Goiânia: Agepel, 2001.
SIQUEIRA,
Vera Lopes de. Tradições Pirenes. 2ª edição. Goiânia. Kelps.
2006.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Programação da Festa do Divino de Pirenópolis
Programação da
Festa do Divino de Pirenópolis
Festa do Divino de Pirenópolis
Dia 03/05/2013 –
Sexta-feira: saída da Folia Rural e Folia Urbana
Dia 10/05/2013 –
Sexta-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
05h00 – Alvorada
com a Banda de Música Phoenix.
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
Início
da Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e tocata da
Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 12/05/2013 –
Sábado:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
2º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 11/05/2013 –
Domingo:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
17h00 – Chegada
das Folias da Cidade e Zona Rural, que desfilam pelas ruas da cidade
e se encontram na casa do Imperador.
–
3º
dia de Novena, seguida de procissão até a Igreja do Bonfim, ao som
da Banda de Couro, levando as bandeiras de São Benedito e de Nossa
Senhora do Rosário para levantamento de mastro e queima de fogueira.
Dia 13/05/2013 –
Segunda-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
4º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 14/05/2013 –
Terça-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
5º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 15/05/2013 –
Quarta-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
6º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 16/05/2013 –
Quinta-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
17h00 – Entrega
das lanças pelos cavaleiros das Cavalhadas ao Imperador.
–
7º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 17/06/2013 –
Sexta-feira:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
12h00 – Repique
de sinos e descarga de roqueiras
–
8º
dia de Novena, seguida de bênção do Santíssimo Sacramento e
tocata da Banda de Couro na porta da Matriz.
Dia 18/05/2013-
Sábado do Divino:
04h00 – Alvorada
com a Banda de Couro
05h00 – Alvorada
com a Banda de Phoenix
12h00 – Tocada
da Banda de Música da lateral na Matriz, com repique de sinos, fogos
e descarga de roqueiras. Saída dos Mascarados pelas ruas da cidade.
19h00 - Último dia de
Novena. Na porta da Matriz há levantamento de mastro e queima da
fogueira, ao som da Banda de Música Fênix. Logo após, ocorre na beira-rio show pirotécnico com a presença do Imperador e da Banda
de Música.
Dia 19/05/2013 -
Domingo do Divino:
08h00 - Cortejo
Imperial saindo da casa do Imperador para a Matriz, acompanhado de
procissão de virgens, ao som da Banda Fênix.
09h00 – Missa
solene, cantada em latim pela Orquestra e Coral Nossa Senhora do
Rosário. Ao término da Missa ocorre o sorteio do novo Imperador e mordomos.
10h00 Cortejo levando o Imperador de volta à sua residência, para distribuição
de verônicas e pãezinhos-do-divino.
13h00 – 1º dia das Cavalhadas: abertura e confronto entre Mouros e Cristãos.
20h00 Cortejo
que busca o Imperador em sua casa e o leva à Matriz, onde acontece a
coroação do novo Imperador.
Dia 20/05/2013 –
Segunda-feira.
08h00 – Reinado
de Nossa Senhora do Rosário: cortejo que sai da casa do Rei e da
Rainha, acompanhado da Banda de Couro e do Congo, até a Igreja
Matriz, para uma missa cantada. Depois o cortejo conduz os festeiros de volta às suas residências.
13h00 – 2º dia
das Cavalhadas: rendição e batismo dos Mouros.
Dia 21/05/2013 –
Terça-feira.
08h00 – Juizado
de São Benedito: cortejo sai da casa dos Juízes, acompanhado da
Banda de Couro e do Congo, até a Igreja Matriz, para uma missa
cantada. Depois o cortejo conduz os festeiros de volta às suas residências.
13h00 – 3º dia
das Cavalhadas: confraternização e torneio.
–
Após
as Cavalhadas, confraternização entre Cavaleiros, Mascarados e população, com salva de tiros, na porta da Igreja do Bonfim.
* * *
terça-feira, 9 de abril de 2013
Terço cantado dos cavaleiros
Foto Lúcia Costa |
Na foto de Lúcia Costa, vemos o 195° Imperador, Benedito Felix da Costa Ferreira (Felinho), com o Rei Mouro Toninho da Babilônia.
Na noite do dia 5 de abril de 2013, sexta-feira, ocorreu o terço cantado com presença
dos cavaleiros mouros e cristãos na residência da Dona Carmita na Vila
Matutina. Foi servido um farto lanche para os cavaleiros e para os demais
presentes na noite da reza. O som da sanfona, chocalho e pandeiro promoveu a fé
com os cantos sagrados, tendo a Coroa imperial sobreposta no altar montado na
sala. A cidade já no clima da Festa do Divino Espírito Santo.
As cavalhadas irão ocorrer nos dias 19, 20 e 21 de maio, os
últimos 3 dias da festa.
Fonte Jornal Gazeta da Pedra
195º Império do Divino Espírito Santo (2013)
Imperador: Benedito
Félix da Costa Ferreira
Mordomo da Fogueira:
Thales José Jaime.
Mordomo dos Fogos:
Pompeu Christovam de Pina.
Mordomo do Mastro: João
Geraldo da Costa Pina.
Mordomo da Bandeira:
Luiz Pereira da Silva.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Essa árvore tem história
"D. Conceição, primeira esposa de João Basílio, de volta de uma de suas viagens, trouxe para meu avô, Sebastião Basílio, uma semente que ela pegara em uma visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ele a plantou e o resultado é esse encanto de árvore que vocês estão vendo. Quando ela alongou seus galhos para a rua e se cobriu de flores, as pessoas pediram a meu avô que lhes desse semente ou muda. Bem que ele tentou, mas nunca conseguiu reproduzir outra árvore dessa. Então, hoje, mais ou menos meio século depois, eu quero multiplicar a imagem dela, compartilhando com vocês a foto desta filha do jardim de D. João VI!" Edna Ferreira
Lá vem a banda (poema)
Lá vem a
banda
Lá vem a
banda,
barulhenta,
agitada,
e põe
todo mundo na janela,
hipnotiza
de tal forma
que saímos
ao seu encalço,
não
importa aonde vá.
Lá vem a
banda
na ladeira
do Rosário,
lá vem o
povo histérico
que grita
vivas,
e a coisa
já se tornou
uma festa
incontrolável.
Lá vem a
banda
que traz
na rabeira a história
que
rebuliça algo no peito
das gentes
da cidade
e brota
recordações,
saudades
de outras bandas.
Adriano
César Curado