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terça-feira, 30 de novembro de 2010
A PONTE DO CARMO
sábado, 27 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Leo Lynce
Sem nunca ter visitado Pirenópolis, que sempre me ficou a contra-mao nos meus passos incessantes por estes chãos infinitos de Goyaz, tenho-a, entretanto, gravada na imaginação, com as suas velhas igrejas e solares, com as águas cantantes do seu rio e com suas palmeiras suspirosas, como se tudo aquilo me fosse familiar.
Depois da velha capital, Pirenópolis é a nossa cidade mais rica de tradições.
É a lendária Meia-Ponte, edificada as margens do Rio-das-Almas, aonde aportou, em 1731, Manuel Rodrigues Tomar, remanescente das bandeiras anhanguerinas.
Foi lá que, ao alvorecer do século XIX, surgiu o primeiro jornal do Brasil Mediterrâneo – a “Matutina Meiapontense”, fundada pelo comendador Joaquim Alves de Oliveira, o goiano que mais alto elevou no seu tempo e cujas qualidades de inteligência e de caráter, a par da mais perfeita fidalguia de maneiras e acendrado patriotismo, o sábio Frances Saint Hilaire e outros, em publicações memoráveis, louvaram sem restrições.
Terra natal de Xavier Curado, general diplomata e gentleman do 1º. Imperador do cônego Luiz Gonzaga; do padre Nascimento; de Gonzaga Jaime e de tantos outros varões ilustres, Pirenópolis mantem ainda, com galhardia, no trato de seus filhos e na fisionomia da cidade, os seus antigos foros de nobreza.
O soneto abaixo, pelo motivo já explicado, apenas revela vagos traços da cidade, como eu a imagino e compreendo.
PIRENÓPOLIS
Bissecular cidade – monumento,
Que do Rio-das-Almas fica à beira.
Terra de Joaquim Alves de Oliveira
e dos padres Gonzaga e Nascimento.
Que mundo de emoções experimento
ao recordar-te, gleba hospitaleira
-berço da imprensa de Goyaz – primeira
luz acesa no nosso pensamento.
Em cada rua antiga, em cada igreja;
nos pátios e jardins de benfazeja
fronde, por onde o sol se filtra a custo;
No arqueado das portas e janelas,
- tu, velha Meia-Ponte, nos revelas
todo esplendor do teu passado augusto
Publicado no jornal O Popular em 12 de setembro de 1943, edição 482. O texto foi descoberto pela escritora Sinvaline Pinheiro, de Uruaçu, que o enviou ao poeta Luiz de Aquino e este remeteu a mim. Aos dois meu agradecimento.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Pérsio Ribeiro Forzani ( II )
Na sequência da biografia do pintor Pérsio Forzani, relembro a memorável noite de 25.11.2005, na casa da Celg, em frente à Matriz, quando foi organizada uma exposição de sua obra, regada a muita música e poesia. Naquela ocasião, fui escalado pela Aplam para escrever um texto em prol do homenageado, que ficou assim:
pitura de Pérsio que retrata o castelo do Frota
“A Academia Pirenopolina de Letras Artes e Música (APLAM) surgiu do sonho de gente simples, de poucas posses materiais mas de espírito dotado de sublime inteligência. Não se espere encontrar ali nenhum intelectual sofisticado, frequentador dos banquetes das elites ou paparicado pela mídia nacional. Não se verá tal figura nesta Academia sertaneja. Os membros da APLAM são pessoas impregnadas pelo pó seco do Planalto Central, alimentados pelos frutos do cerrado e bebedores da boa cultura que emana da miscigenação entre negros, índios e portugueses, os povoadores das terras goianas.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
Por outro lado, não se deve ceder à tentação de imaginar que, pela simplicidade de seus membros, as obras são de menor valor. Pelo contrário. Nossos modestos membros, tanto os que ainda labutam nas lides deste plano, quanto os que já se encontram mais próximos ao Criador, todos eles são valorosos operários da cultura de Goiás. Vê-se ali historiadores, pintores, escultores, músicos, compositores e escritores.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
Pérsio Ribeiro Forzani é uma dessas figuras simples e carismáticas que compõem a Academia de Pirenópolis. Num primeiro contato, pode-se ceder ao intuito de imaginá-lo um pessoa frágil e limitada, mas logo essa impressão primeira desaparece quando se conhece seu espírito empreendedor, sua alma sonhadora, sua invencível capacidade de superar os obstáculos que o destino depositou em seu caminho.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
Pirenopolino da velha gema, nosso homenageado vem de família humilde mas de destaque na vida social e cultural da velha Cidade dos Pireneus. Seus parentes ajudaram a abrilhantar a arte da Euterpe, como componentes da escola e banda de música do Mestre Propício, a centenária Fênix. Mas foi a arte desse pintor singular que contribuiu para o resgate de imagens belíssimas e já quase apagadas no inconsciente popular: becos tortuosos, procissões à luz de velas, cavalhadas no largo da Matriz, casarões já demolidos, cenas de importância histórica, e muito mais.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
Apaixonado confesso pela Pirenópolis do passado, quando a pequena cidade se chamava Meia Ponte, Pérsio Forzani faz renascer da magia colorida de telas, tintas e pincéis um mundo fabuloso de damas e cavalheiros, de compositores e maestros inspirados, de coronéis valentes na política fervente, de escravos sofredores pelo chicote dos feitores. Todos eles personagens que um dia calcaram o chão goiano, frequentaram igrejas já extintas, moraram em amplos casarões povoados pela alegria sadia dos tempos de serenatas, ou no interior sombrio duma senzala. Sua pintura retrata ainda a solidão dos pirenopolinos isolados entremeio aos morros arredondados, distantes da capital e visitados vez por outra pelas tropas de mulas e carro de bois dos caixeiros viajantes.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
A Pirenópolis de Pérsio pouco tem da cidade de hoje. Não há ali grandes festivais, turistas em demasia, trânsito engarrafado, enfim, problemas de cidade moderna. Mas, de certa forma, o sonho que sua mente brilhante materializa nas telas vai muito além de uma simples viagem ao passado. No fundo, o pintor que o habita quer mesmo é idealizar uma cidade voltada para o futuro, e também contribui para um Goiás que quer regressar às tradições e cultura esquecidas, ou seja, fazer ressurgir valores que os tempos modernos aos poucos apagam.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani.
Nas duas portas da direita funcionou a Coletoria Estadual
e mais tarde o gabinete dentário do Dr. Fernando
O resgate da obra e da vida de Pérsio Ribeiro Forzani, que a APLAM idealizou através desta modesta homenagem, é no fundo uma mensagem de otimismo. É um recado para as gerações do hoje e do porvir, quanto à certeza de que Goiás ainda retomará valores culturais perdidos. Na lembrança do passado ainda próximo, é preciso construir um futuro mais ligado às tradições de raiz, preservando o cerrado, valorizando a arte popular, para, quem sabe um dia, ainda voltarmos à serenidade da velha pátria dos índios Goiases.”
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
Pérsio hoje está debilitado, só pinta por encomenda e não dá conta de todos os pedidos que tem. Sem contar que, desde o ano passado, devido a uma queda no banheiro de casa, somente se locomove em cadeira de rodas e com auxílio.
No passado, no máximo de sua produção artística, Pérsio pintou cada uma das centenas de casas retratadas no livro "Casas de Pirenópolis", de Jarbas Jayme.
by Adriano César Curado
domingo, 21 de novembro de 2010
PROCURA-SE
Num classificado de jornal
li um anúncio de alguém
que desejava encontrar
um amigo verdadeiro, companheiro,
leal, legal, atencioso
amoroso e compreensivo.
Organizei uma lista
de conhecidos,
analisei com atenção
todos os itens requeridos,
e um só homem preenchia
tudo aquilo que ela pedia.
Sinto muito,
amiga desconhecida,
mas este não vai,
como poderia ficar
sem meu pai?
Poema de autoria de Vera Lopes Siqueira, pseudônimo Condessa de Meia Ponte, publicado no Jornal Cultural Nova Era, ano VI, n° 22, em fevereiro de 1994, na cidade de Pirenópolis. O Nova Era circulou por muitos anos graças ao empenho de Maria Eunice Pereira Pina e do jornalista José Reis.
Membros da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música (APLAM) citados:
Maria Eunice, hoje falecida, ocupava a Cadeira n° 4, Patrono Veiga Valle
Vera Lopes Siqueira ocupa a Cadeira n° 18, Patrono José Assuério
José Reis ocupa a Cadeira n° 23, Patrono Irnaldo Jayme
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Pérsio Ribeiro Forzani ( I )
PÉRSIO RIBEIRO FORZANI
Membro da Academia Pirenopolina de Letras,
Artes e Música (Aplam)
Ocupante da Cadeira nº 07
Patrono Inácio Pereira Leal
Pérsio Ribeiro Forzani (Pirenópolis, 8.2.1931) começou a pintar com carvão no adobe dos muros aos oito anos de idade e, apesar da deficiência física, aprimorou-se nos estudos para aventurar-se na tinta a óleo e pincel. Deu certo. Atualmente, suas milhares de telas se espalham pelo mundo todo.
extraída do site www.pirenopolis.tur.br/persio-forzani
O tema de suas pinturas é sempre a cidade de Pirenópolis, que retrata em traços que são característicos de sua arte. Você pode nunca ter visto uma determinada tela de Pérsio, mas se a encontrar em alguma parede, é capaz de afirmar com certeza a autoria.
Seu tema é sempre a amada Pirenópolis, na atualidade ou quando se chamava Meia Ponte. Reproduzindo fotografias e descrições da cidade de antigamente, seu trabalho é, além de arte, instrução que nos mostra a história goiana.
Ele é uma criatura dócil, que recebe qualquer pessoa em sua casa e não faz distinção entre ricos e pobres, mendigos ou embaixadores. Sim, todos frequentam a casa humilde de Pérsio. Lá dentro, quase nenhum móvel se vê. Na sala, uma mesa simples com tamboretes. No quarto de pintura, o cavalete e alguns bancos. No quarto de dormir, cama velha mas bem cuidada, um guarda-roupas e uma cômoda com um oratório que tem o interior pintado por ele.
A pintura de Pérsio foi homenageada numa exposição realizada no casarão histórico que é a sede da Celg em Pirenópolis, bem em frente à Matriz, no dia 25.11.2005. Foi uma noite memorável, com direito a sarau, discursos emocionados e, principalmente, com a presença de muitos jovens interessados em conhecer esse ilustre pirenopolino. Pela grandeza desse evento, será tema de um artigo em separado.
Uma outra grande homenagem para Pérsio foi feita no Teatro de Pirenópolis, dia 4.6.2010, num sarau abrilhantado por músicos e poetas pirenopolinos ou ligados à velha cidade. A ideia foi da Secretaria de Cultura de Pirenópolis, na pessoa do secretário Gedson, com apoio de José Nominato Veiga (Zezé de Catirina), zelador do prédio do teatro e, obviamente, do prefeito Nivaldo Melo.
No grande sarau, foi destaque a linda poesia que Luiz de Aquino compôs para o homenageado e que peço vênia para transcrever:
“Pérsio Forzani (o homem que pinta poesia)
Espalho-me ao tempo
ao sol que define os dias,
à Lua que benze as noites.
Nos anos mais verdes,
colhi serenatas plantadas nas ruas
de pedras, sem régua ou compasso.
Ouvi versos cantantes
e acordes dolentes; vi moças bonitas
nas janelas, silentes...
Era um tempo de estrelas
e risos sem censura. A gente vivia
vertigens, e era feliz.
Sol, luar, orvalho!
No verde, mais luz; mais vida
sob os astros.
Meus olhos desenham os morros,
perfis sob azul infinito, moldados
aos traços das línguas dos rios.
A ponte, o amor clandestino.
Carmo, Bonfim, Matriz do Rosário,
Lembranças de eu-menino...
Meus olhos colheram paisagens,
Memória transforma em saudade,
Pincel faz arte e riqueza.
Terra e gente meia-pontense:
Hino e presépio, história em imagem:
Obras de Pérsio, jóias da terra.”
Foi Pérsio Forzani quem criou e pintou o simbolo da Aplam.
by Adriano César Curado
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Fotografias
Possuo em arquivo centenas de fotografias antigas de Pirenópolis, que me foram doadas por parentes e amigos. Não pretendo, como fazem alguns, guardá-las em gavetas ou marcá-las com endereço de sites. Irei publicá-las de acordo com a necessidade dos textos.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
E no jardim de vovó...
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
TONICO DO PADRE
ANTÔNIO DA COSTA NASCIMENTO
(Tonico do Padre)
Patrono da Cadeira nº 05
Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música
Tonico do Padre tinha uma personalidade forte, sempre bravo e irritado, não sorria nunca e nem amolecia com seus músicos, que muito o temiam e admiravam. Comandou a Banda Euterpe de 1868 a 1903, quando faleceu. Era descendente de paulistas, da família Rodrigues Nascimento, filho do ilustre professor de primeiras letras e exímio músico José Inácio do Nascimento (1787 – 1850) e de Ana da Glória. [3]
Como pintor, Tonico do Padre pintou o forro da capela-mor da Matriz de Pirenópolis, entre 1863 e 1864, juntamente com Inácio Pereira Leal, onde se via a padroeira Senhora do Rosário cercada de anjos, tendo o Menino Jesus nos braços e ao fundo a imagem do paraíso. Essa pintura foi totalmente destruída no incêndio que destruiu o velho templo.
Certo dia, em 1888, Tonico sentou-se à beira do rio das Almas e escutou o ribombar distante dos trovões, com a saparia naquele coaxar que prenuncia temporal. Com pouco tempo já estava ele todo ensopado e com a cabeça cheia de inspiração. Nascia ali o Concerto dos Sapos, uma suíte (movimentos instrumentais tocados sem interrupção) que recria o aproximar da chuva e começa com o ribombar forte dos tambores na imitação dos trovões. Mostrou a obra aos seus músicos e ouviu uma grande gargalhada de deboche. Ficou tão contrariado que recolheu as partituras, guardou-as e nunca mais quis apresentar a peça. Somente no início da década de 1970, mais de oitenta anos depois, foi o Concerto dos Sapos novamente interpretado, agora pela Banda Fênix, que gravou um disco lindo no coro da Matriz de Pirenópolis.
O falecido maestro Braz Wilson Pompeu de Pina Filho dedicou boa parte de sua vida a pesquisar e catalogar a obra magnífica de Tonico do Padre. Pina consultou os arquivos da Banda Euperte, Fênix, do Teatro de Pirenópolis, além de vários arquivos pessoais, e chegou à seguinte catalogação:
Todo o arquivo musical e os desenhos de Tonico do Padre foram adquiridos por Pompeu Christovam de Pina, de Sinhazinha Ladário, neta do músico, e encontram-se hoje no acervo do Museu da Família Pompeu, localizado na rua Nova, Pirenópolis, Goiás.